João Pessoa, 21 de janeiro de 2025 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Fim de ano de corre e corre para encerrar o ano judicante, com o máximo de aproveitamento possível, deixei de mandar a crônica, como de costume. Voltando à vida normal, pelo menos nesse início, o professor José Geraldo de Sousa Júnior (UNB), instigou-me a escrever uma crônica sobre viagem.
Tudo começou lá atrás, quando eu era criança, ficava ouvindo meu tio padre contar suas histórias de viagens pelo mundo, falar sobre gostos e sabores, lugares onde a história havia marcado o destino da humanidade, o que me deixava maravilhada!
Como de costume, há muitos anos, viajamos (eu e o marido) para conferir o mundo. Fim do ano, o frio sempre me atrai, como forma de abrandar o calor que desfrutamos nesse hemisfério continental, embora o marido prefira o calor.
Então, fomos ao velho mundo, que em meio à ameaça de mais uma guerra mundial e de conflitos esparços geolocalizados, parecia que as pessoas não estavam muito preocupadas com a situação.
O natal verdadeiramente encanta pelas luzes e decoração das cidades, que faz com que o momento seja especial. Nunca vi tanta gente na rua como desta vez. Começamos nossa jornada por Paris, iniciando o dia com uma missa na Sante Chapelle “Medalha Milagrosa”, na Rue du Bac, (foto)local onde Nossa Senhora apareceu à Santa Catarina de Labouré, lugar místico e cheio de muitas graças: “Venez au pied de cet autel la les graces sertont repandue”, escrito no altar. E como obediente, assim procedi!
Depois, prosseguimos para Estrasburgo. Cidade Celta fundada em 12 A.C, siatuada às margens do Rio Reno, fronteira com à Alemanha. Suas casas, estilo bávaro, dão um ar bucólico ao local. Sua catedral foi a mais alta do mundo até o ano de 1874, perdendo apenas para a Catedral de Colônia na Alemanha. Anexada à França em 1681, e, entre vais e vens com a Alemanha, voltou à propriedade a ser propriedade francesa, definitivamente, após a II grande guerra, porém, esteve ocupada pelos nazistas de 1940 a 1945.
Cheia de pontes medievais, hospedou ilustres personagens da hitória, como Gutemberg (inventor da prensa), Calvino (reforma igreja), Göethe (literatura alemã), Mozart (gênio da música clássica), além de ser atual sede do Parlamento Europeu. Nessa época natalina, atrai milhares de pessoas ao Christkindelsmärik (“Mercado do Menino Jesus”), em 13 pontos da cidade.
Em seguida, partimos para Milão, em um airbus A220, aeronave que possui duas fileiras de poltronas, com dois assentos de um lado e três do outro, logo é penso, fiquei imóvel, como medo de desequilibrar o peso kkk. Chegando a Milão, confesso que desta vez não desejei voltar pra casa, como da vez anterior, ocasião em que pareceu que havia vivido naquele local, enfrentado um enorme sentimento de angústia que tomou conta do meu ser.
Dessa vez, não senti nada de estranho, mas igualmente, não conseguimos ver a ùltima Ceia (Leonardo da Vinci), exposta no interior da Igreja Santa Maria delle Grazie, cujo ingresso demandava compra com 5 meses de antecedência, considerando que resolvemos ir a Milão de última hora.
Impressionei-me com o número incalculável de pessoas que circulavam naquele local, só perdia para João Pessoa kkk. Era gente com força! Espremidos na Galeria Vittorio Emanuele, que repaginada, estava dominada pelas lojas de grife, por milhões de pessoas circulando, mas pouquíssimas comprando. Enfrentei aquela fila enorme para tomar um gelato de pistache, que, ar chegar minha vez, havia acabado. Mas não desisti, deixei o sorvete como meta, para não sair da Itália sem provar a iguaria.
Em sequência, dirigimo-nos à Duomo, dedicada a Santa Maria Nascente, na certeza de assistir à missa. De brinde, ainda assistimos a um conserto de música clássica antes da missa, contemplando a riqueza de obras naquele primor de Catedral, um exemplo de arquitetura gótica construída em 1396, sob o comando de Gian Galeazzo Visconti, concluída somente em 1965. Repleta de vitrais que retratam cenas bíblicas, abriga um tesouro de objetos páleo cristão e romano. Com cerca de 157 metros de largura, 11.700m² e capacidade para mais de 40.000 pessoas e uma nave central que abriga inúmeras pinturas do período. Local onde Napoleão Bonaparte coroou-se imperador da França em 26 de maio de 1805, após criar o Reino da Itália.
Seguindo o bonde, fomos à Suiça, eita paizinho barato! Pegamos o famoso trem de vidro, Bernina Express, para conhecermos a famosa estação de esqui de Saint Moritz, verdadeiramente um passeio imperdível, pelas inesquicíveis imagens, vistas enormes janelas do trem, que, baixadas solapavam aquela brisa congelante no meu rosto. Sediou os jogos olímpicos de inverno de 1928 e 1948. Embora a Suiça não esteja na Comunidade Europeia, ostenta sua própria moeda o “franco”. É a sede financeira do mundo, por abrigar o maior conjunto de bancos. Além de liderar o financiamento comercial é um dos centros de seguros e resseguros mais importantes do mundo, sem contar no luxo dos relógios Patek Philippe, dos canivetes suiços e maravilhosos chocolates!
Seguindo nosso roteiro, fomo ao Lago de Como, um desejo antigo de conhecê-lo, realizado com sucesso! Desfrutamos de um passeio de barco, ao longo de belíssimas mansões que foram tema de famosos filmes como “Star Wars: Episódio II – Ataque dos Clones” (2002), Ocean’s Twelve: O Glamour da Villa Erba (2004), “James Bond, em Cassino Royale” (2006), trazendo de volta a nostalgia do tempo em que nos espremia-mos nos guiches dos cinemas, na tentativa de comprar o ingresso para a estréia dos filmes, cujo glamour hoje, perdeu-se nos streams, que nos deixam preguiçosos, de pijama, sem vontade de ver o mundo, assistindo séries, sem nenhuma badalação.
Assim, seguimos de trem para Roma, em busca de cruzar as Portas Santas, ou pelo menos, uma delas, em obediência a passagem de João 10:9-11: “eu sou a porta: quem entrar por mim será salvo, e poderá entrar e sair e encontrar pastagem”. A Igreja Católica dedica-se em 2025, a mais um jubileu, comemorado a cada 25 anos. Descrito no livro bíblico do Levítico, como um ano de graça, reconciliação e renovação, marcado por eventos especiais que promovem oração, conversão e indulgências, simbolizando um tempo de esperança e unidade, renovação espirutual, como descrito no livro de Ezequiel (cap. 46, vers.17) que fala do jubileu como o ano da libertação, da redenção, o ano em que aqueles que tinham ido ao serviço para sobreviver à pobreza regressaram às suas casas, com as dívidas perdoadas e com a reapropriação as suas terras e sua liberdade. O Papa Francisco escreveu na bula papal “Spes non confundit”, que “chegou a hora de um novo Jubileu, para abrir novamente a Portassanta e oferecer a experiência viva do amor de Deus, que desperta no coração a esperança certa da salvação em Cristo”.
Conseguimos fazer 3 portas, das nove existentes, a última acrescentada pelo Papa Francisco em Roma, situada na prisão romana de Rebibbia. Então, são cinco portas situadas em Roma, uma na Espanha, uma nas Filipinas, uma na França e uma no Canadá. Cruzamos as portas da Basílica de São João de Latrão, Santa Maria Maggiori e Basílica de São Pedro, todos os lugares com forte revista, filas indescritíveis, gente que não acabava mais, só perdia pro trânsito de João Pessoa.
Seguindo nossa vigem, visitamos a Galeria Borghese, para admirar a obra “O Rapto de Proserpina”, que, de acordo com a mitologia romana, era filha de Ceres, deusa da fertilidade e de Júpiter, o patrono do céu e do trovão. A escultura retara o momento em que a moça estava colhendo flores com suas amigas, quando Plutão, o Deus do submundo e o governante dos mortos, apaixonou loucamente por ela, raptando-a. Encomendada pelo Cardeal Scipione Borghese a Gian Lorenzo Bernini, apresenta, com fidedignidade, os mínimos detalhes da anatomia humana. Embora tenhamos chegado de última hora, fomos befeficiados pelo “last minute ticket”, nos garantindo um desconto bem avantajado.
Depois de 04 dias em Roma, baterias renovadas com as energias das histórias do velho mundo, e tomados uns quatro sorvetes de pistache ao lado hotel, além de muitos aperóis, seguimos para finalizar nossa empreitada em Madri, a fim de visitar a Igreja do meu santo devoto, San Isidro, que, por sinal, estava fechada. Mesmo assim, curtimos a Plaza Mayor, regada à sangria de sempre, em homenagem aos nossos amigos e companheiros de vigens, terminando o dia com um jantar no “Primo Botin”, restaurante mais antigo do mundo, fundado em 1725, que, mesmo sem reserva, conseguimos um lugarzinho próximo à cozinha, sem faltar naquele delicioso churros com chocolate quente, apreciado pelos madrilenhos, engalfinhados em filas para saborear, bem propicio ao frio daquela época do ano. Assim, como dizia José Lins do Rego, “entrou pela perna do pinto, saiu pela perna do pato”, mandou El-Rei meu senhor, que me contasse mais quatro! Até a próxima e apertem os cintos!
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novo protesto - 16/01/2025