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veja discurso na íntegra

Hugo prega responsabilidade fiscal, fim da polarização e união pelo Brasil

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publicado em 01/02/2025 ás 19h35
atualizado em 01/02/2025 ás 19h53
Foto: Divulgação/Agência Câmara

(Brasília-DF) – O deputado federal paraibano Hugo Motta (Republicanos-PB) assumiu, neste sábado (1°), a presidência da Câmara dos Deputados, sucedendo Arthur Lira (PP-AL). Em um discurso marcado por apelos à união e à responsabilidade fiscal, Motta afirmou que seu compromisso é, acima de tudo, servir ao Brasil.

“Assumo a presidência da Câmara dos Deputados com três compromissos, três únicas prioridades: servir ao Brasil, servir ao Brasil, servir ao Brasil”, declarou. O parlamentar ressaltou que a população deseja soluções concretas e não disputas políticas. “O povo brasileiro não quer discórdia, quer emprego. O povo brasileiro não quer luta pelo poder, quer que os poderes lutem por ele”, frisou.

Para ele, é necessário responsabilidade fiscal para evitar prejuízos à população mais vulnerável. “Não se apaga fogo com gasolina. Não existe uma nova matriz de combate ao incêndio. Isso é apenas atirar fogo com outro nome”, comparou.

O novo presidente da Câmara também pediu união entre os parlamentares, evitando o discurso de polarização entre direita e esquerda no Brasil.

“Não podemos continuar desperdiçando o presente e sacrificando o futuro. Não podemos continuar penalizando nossa gente, porque não existe um caminho da direita, um caminho da esquerda. Existe apenas o caminho do Brasil”, pontuou.

Durante seu pronunciamento, Motta fez questão de homenagear Ulysses Guimarães, símbolo da luta pela redemocratização e considerado “Pai da Constituição”.

“Vejo este plenário, deste ponto de observação tão singular, e não posso deixar de lembrar e me emocionar, pois esta é e será sempre a cadeira do Senhor Diretas, do Senhor Democracia”, disse.

Em seu encerramento, Hugo Motta reforçou a importância do respeito às instituições e à Constituição Federal. “Estamos virando uma página da história. Quando cada um reconhece o seu lugar, o nome disso é respeito. Passou o tempo do dedo na cara. É hora do olho no olho. O respeito não grita. O respeito ouve e se faz ouvir”, afirmou.

Leia o discurso na íntegra:

Ficam, e para além delas, mais importante, ficam as transformações históricas e sociais de cada era. Ficam a coragem e as posições, ficam os princípios e não as conveniências. Ficam as convergências que constroem e não as divergências que paralisam e destroem a compreensão de que podemos pensar diferente, mas somos todos iguais no que é indiscutível. Somos todos brasileiros e brasileiras, e, seja qual for a visão de mundo, o Brasil nos une e nunca pode nos separar, pois somos o povo brasileiro e o Brasil é o nosso único país.

As glórias são efêmeras, mas os propósitos e os avanços o tempo nunca apaga. As paixões são radicais, mas são o equilíbrio e a razão que conduzem as horas mais difíceis. Começo assim, sob o impacto da confiança depositada em mim por vossas excelências. Vejo este plenário, deste ponto de observação tão singular, e não posso deixar de lembrar e me emocionar, pois esta é e será sempre a cadeira do Senhor Diretas, do Senhor Democracia, a eterna cadeira do Pai de nossa Constituição, Ulysses Guimarães.

Assumo a presidência da Câmara dos Deputados com três compromissos, três únicas prioridades: servir ao Brasil, servir ao Brasil, servir ao Brasil. O povo brasileiro não quer discórdia, quer emprego. O povo brasileiro não quer luta pelo poder, quer que os poderes lutem por ele. O povo brasileiro não quer divisão ideológica, mas a multiplicação de oportunidades no seu dia a dia. Não temos tempo para errar. Chega de zero a zero! O povo brasileiro quer resultados, quer emprego, quer melhorar de vida, quer educação de qualidade para seus filhos, quer mais segurança, quer viver melhor, quer um futuro melhor, um Brasil melhor. E se não formos capazes de entender e agir de forma prática, responsável e urgente para libertar o Brasil das amarras que aprisionam o nosso futuro, não estaremos à altura deste lugar e desta hora. Não podemos continuar desperdiçando o presente e sacrificando o futuro. Não podemos continuar penalizando nossa gente, porque não existe um caminho da direita, um caminho da esquerda. Existe apenas o caminho do Brasil.

Faço aqui um apelo a todos os meus colegas: vamos deixar o Brasil passar. Vamos deixar o Brasil passar. Minhas amigas e meus amigos, não se pode mais discutir o óbvio. Nada pior para os mais pobres do que a inflação e a falta de estabilidade na economia. E a estabilidade é a resultante de um conjunto conhecido e consensual de medidas de responsabilidade fiscal. Não se apaga fogo com gasolina. Não existe uma nova matriz de combate ao incêndio. Isso é apenas atirar fogo com outro nome. E o nosso dever é apagá-lo pelo bem do povo brasileiro. Não há democracia sem justiça social. Não há estabilidade social sem equilíbrio econômico. Defenderemos a democracia porque defenderemos também as melhores práticas e políticas econômicas para garantir a paz nos lares dos brasileiros, sobretudo dos que mais precisam. Defender a estabilidade social é nossa missão.

Chego à presidência da Câmara dos Deputados pelas nuvens e tempestades do destino, como definiu aquele que dá nome a este plenário. Não chegaria até aqui sem o apoio de amigos e motivadores da política. Minha eterna gratidão ao presidente do meu partido, deputado Marcos Pereira, pelo gesto fundamental para que eu sentasse hoje nesta cadeira. E meu muito obrigado ao meu amigo, presidente Arthur Lira, pelo respaldo ao meu nome e pelo trabalho incansável para que a Câmara encontrasse esse consenso histórico que estamos vendo no plenário.

Nenhum interesse ou divergência pode estar acima da nação brasileira e das urgentes necessidades do nosso povo. Minhas amigas e meus amigos, nesta cadeira de Ulysses, às vésperas de completarmos quatro décadas da nossa Constituição, em homenagem a todos os presentes, aos brasileiros, à democracia, ao respeito às instituições e entre as instituições, faço questão de relembrar o gesto histórico de Ulysses ao promulgar a Constituição que juramos respeitar. Viva a democracia! Viva a democracia! Viva a democracia!

Pelo MDB de Ulysses, cheguei a esta casa com apenas 21 anos, em 2011. Com muito orgulho, posso dizer que o PMDB foi minha escola e minha faculdade de política brasileira. A memória de Ulysses deve iluminar corações e mentes nestes tempos difíceis. Ao contrário dos debates parciais, este livro não é apenas a Constituição, não é apenas a civilização; é um compromisso vivo com o Brasil. E vamos lutar pela Constituição, pela nossa Constituição.

Estamos virando uma página da história. Todos os ruídos dos últimos anos, o estranhamento entre os diversos agentes diante da afirmação do poder Legislativo, as reações que geraram momentos de maior ou menor tensionamento. Agora, sabemos que não estamos no ponto de chegada, mas no ponto de partida, onde nos colocaram os constituintes e que, por décadas, as circunstâncias não nos permitiram estar. Quando cada um reconhece o seu lugar, o nome disso é respeito. Passou o tempo do dedo na cara. É hora do olho no olho. O respeito não grita. O respeito ouve e se faz ouvir.

A democracia não tem dono. Somos todos donos da democracia, porque, se a democracia tem um dono, então ela não é de ninguém. Só é democracia se for de todos. Estaremos sempre com a democracia, pela democracia, do lado da democracia.

MaisPB