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Graduada em direito e pós graduada em direito criminal e família, membro da academia de letras e artes de Goiás, tenho uma paixão pela escrita Acredito no poder das palavras para transformar realidades e conectar pessoas

João Pessoa: O Alvorecer das Letras e dos Sonhos

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publicado em 05/02/2025 ás 07h00
atualizado em 04/02/2025 ás 19h07

João Pessoa é uma cidade que nasce duas vezes. Primeiro, no instante em que o sol irrompe no horizonte da Ponta do Seixas, banhando de dourado as águas do Atlântico. Depois, na alma de quem a descobre: uma capital que carrega, em suas ruas e praias, a poesia de um povo que transformou aridez em arte, seca em sonho, e silêncio em literatura. Aqui, o sol não é apenas astro; é metáfora. E, como diria Ariano Suassuna, paraibano de nascença e pernambucano por acaso, “O Nordeste é uma invenção literária que deu certo”.

A Geografia das Palavras  – Ariano Suassuna, mestre do Movimento Armorial, talvez seja o filho mais ilustre a traduzir a essência da Paraíba em narrativas épicas. Sua obra, “A Pedra do Reino”, respira o sertão, mesclando mitos medievais à xilogência nordestina.

Em João Pessoa, suas histórias ressoam nas feiras de artesanato, onde cordéis e gravuras contam batalhas de heróis anônimos. A cidade, aliás, guarda marcas de outros gigantes: Augusto dos Anjos, o poeta do verso áspero e existencial,  que nasceu em Solo Sagrado (hoje, Cruz do Espírito Santo) e trouxe ao mundo “Eu”, um livro que sangra angústia e filosofia. Seus versos — “A mão que afaga é a mesma que apedreja” — parecem dialogar com o contraste da capital, onde modernidade e tradição coexistem como irmãs rivais. Isso, duas rivais.

José Lins do Rego, o cronista dos canaviais, completaria o trio sagrado. Em “Menino de Engenho”, ele desenhou a Paraíba rural, do açúcar e das oligarquias, mas também da infância perdida entre mangueiras. Sua escrita, fluida como o Rio Paraíba, nos lembra que a identidade do estado está entrelaçada à terra — seja na cana que secou, seja no mar que persiste.  Learn More

A Paraiba é estado de cultura, um estado de poesia.

Foto ilustração – Eduardo Fechine

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