João Pessoa, 10 de fevereiro de 2025 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Certa vez, numa roda de amigos, alguém me perguntou como eu conseguia escrever com tanto sentimento. Sorri timidamente, sem saber ao certo como explicar. A verdade é que, para mim, a escrita é a arte que imita a vida, uma maneira de expressar o que muitas vezes fica guardado dentro de mim. É como se eu deixasse a minha alma exposta em cada palavra, permitindo que elas fluam livremente, desprovidas do medo do que podem revelar.
Escrevo com a intensidade de quem sente demais. Ao olhar para o mundo, não me limito a ver com os olhos; eu o observo com o coração. Cada cena cotidiana se transforma em poesia nas minhas páginas. Um sorriso trocado na rua, o brilho dos olhos de uma criança, a solidão de um idoso em um parque… Tudo isso se transforma em combustível para minha escrita.
Cada linha que escrevo carrega pedaços de mim. Algumas palavras são fragmentos da minha história pessoal; outras são ecos de experiências alheias que escutei ao longo da vida. Há dores que nunca vivi, mas que compreendi através dos relatos de amigos e desconhecidos. Há amores que não experimentei, mas que senti profundamente ao ouvir canções ou ler histórias.
A arte da escrita reside na sua capacidade de conectar vidas diferentes. Escrevo sobre momentos inventados, mas que poderiam muito bem ter sido meus. A imaginação me leva a lugares onde a realidade ainda não me permitiu chegar. E nesse exercício criativo, percebo que viver o que escrevo nem sempre é necessário; afinal, o que escrevo já vive em mim.
Às vezes, me pego pensando sobre as histórias não contadas que habitam os corações das pessoas ao meu redor. Cada um carrega uma bagagem única, repleta de sentimentos e experiências, e a escrita me permite dar voz a essas vivências. Ao criar personagens e enredos, dou vida àquilo que muitos guardariam em silêncio.
Escrever é também um ato de coragem. É abrir-se para o mundo e deixar transparecer vulnerabilidades. Quando compartilho minhas palavras, estou revelando partes da minha essência. E essa exposição pode ser assustadora; no entanto, é também libertadora. É como se eu estivesse dizendo ao universo: “Aqui estou! Sinto! Vivo!”.
Os dias passam e as histórias continuam a se acumular em minha mente. Cada encontro traz novas perspectivas; cada despedida deixa uma marca indelével no papel da minha vida. E assim vou tecendo a trama da minha narrativa pessoal, entrelaçando fatos e sentimentos com laços invisíveis.
No final das contas, escrever tornou-se meu refugio e meu lar. Um espaço onde posso ser quem sou verdadeiramente e explorar as complexidades do ser humano. É nesse exercício diário que descubro mais sobre mim mesma e sobre aqueles que me cercam.
Portanto, quando alguém me pergunta como consigo escrever com tanto sentimento, talvez a resposta esteja nas entrelinhas: escrevo porque sinto profundamente. E essa conexão entre sentir e escrever é o que dá vida às minhas palavras e enriquece cada história contada. Afinal, na forma como emoções e letras dançam, encontro não apenas um propósito, mas também uma forma de eternizar as vivências que moldam meu ser. Olá, eu sou Antonia!
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NO ALMEIDÃO - 09/02/2025