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Atriz e escritora Beth Goulart lança segundo livro focado em transformações

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publicado em 15/02/2025 ás 18h00
atualizado em 15/02/2025 ás 18h58

Kubitschek Pinheiro – MaisPB

Fotos – Adri Lima

Atriz, diretora e escritora Beth Goulart acaba de lançar seu segundo livro “O que transforma a gente? – Não é um livro de autoajuda, são reflexões que anunciam mudanças e todas as mudanças são necessárias – começo, meio e fim e já trazem novidades, necessariamente oportunas. O selo é da Editora Planeta.

Nada menos que 160 páginas, a autora estudou, andou por aí, pesquisou quis saber sobre as transformações de um dia para o outro, da existência, a partir de eventos marcantes, sentimentos, escolhas, amadurecimento e morte, sim, a morte sempre presente no cotidiano.

A atriz, e ela está palco, não arreda o pé, conta que a perda dos pais, o ator Paulo Goulart e a atriz Nicette Bruno, foi um ponto de partida para a escrita do livro e outros. Beth Goulart diz que a dor da perda foi forte e determinante para a sua transformação pessoal. Beth sabe onde pisa, sabe das coisas, dos palcos e da tevê.

Essa é a segunda entrevista que ela concede ao MaisPB. Leiam e encontrem novas descobertas.

MaisPB – Na entrevista anterior, sobre seu livro “Viver é uma arte: transformando a dor em palavras”, onde você faz uma homenagem à sua mãe, Nicette Bruno, já sentíamos ali a transformação da vida, né?

Beth Goulart – Sim, tudo na vida nos transforma e a perda é um dos motivos mais fortes que provocam transformações profundas em nossa vida. Não tem como passar por isso e não se transformar. Perdemos referências, convívio, trocas, amor, suporte, perdemos afetos, colo, segurança, apoio, orientação. São muitos aspectos que nos impactam a alma, além da falta física há uma falta emocional, afetiva e até espiritual. Mas a morte faz parte da vida. É um dos aprendizados mais difíceis, porém, necessários para nosso crescimento.

MaisPB – Nesse livro “O que transforma a gente?” você dá um salto e sai do papel de atriz para ensinar, propor energias que se transformam. Poderia falar sobre isso?

Beth Goulart – Penso que o grande salto que faz uma mudança virar uma transformação é a consciência. Ela faz toda a diferença. Passamos por vários estágios de aprendizado e fortalecimento ao longo da vida, passamos por experiências que viram bagagens carregadas de sabedoria e, com o tempo, aprimoramos nossa percepção e conseguimos extrair o melhor de tudo isso. O tempo também é um fator de mudanças e precisamos estar preparados para o que ele irá nos propor, temos que nos abrir para as novidades que chegam todos os dias e descobrir motivos para alegrar nossa caminhada com novas possibilidades de realização sempre.

MaisPB – Aliás, você nos leva a uma viagem mais profunda por todo universo do ser humano, que mais do que nunca precisa de mudanças. Você acredita que muitas pessoas haverão de se transformar em outras melhores?

Beth Goulart – Eu sou uma pessoa otimista, creio que sim, e temos que acreditar que podemos escolher um caminho melhor para a humanidade, podemos ser melhores no nosso dia a dia, com as pessoas que estão ao nosso redor. O coletivo começa no indivíduo então para mudar o grande mundo precisamos primeiro mudar o pequeno mundo, o nosso cotidiano, o que está perto de nós. Todos possuem dentro de si o potencial para o bem e para o mal, mas costumamos valorizar mais as atitudes negativas do que as positivas, então, precisamos reverter essa tendência valorizando com mais veemência o lado do bem, enxergando esse potencial em todos e estimulando em nós e nos outros essa escolha de atitude. Assim, uma corrente positiva começa a ganhar força e se expandir em todos os lugares, é a corrente do bem que vai ganhando consciência de seu poder.

MaisPB – Você diz lá que “a vida é movimento” e o tempo não para, mas precisamos avançar não é, pelos menos no quesito amor, solidariedade, dignidade…

Beth Goulart – Precisamos sim, podemos e devemos melhorar sempre. A solidariedade, a generosidade e a compaixão são filhos do amor e, quanto mais damos amor mais recebemos de volta essa vibração. O amor se multiplica conforme sua doação. A dignidade é uma questão moral, que depende da ética, do senso de responsabilidade que temos com nossos princípios e valores. Quem acredita no trabalho, na honestidade, na dedicação e retidão de caráter tem uma atitude digna diante do mundo. O trabalho traz dignidade ao ser humano.

MaisPB – Como foi acontecendo essas anotações que você apresenta agora para o leitor?

Beth Goulart – Alguns textos eu já havia escrito ao longo do tempo, outros, a maioria deles, foram escritos especialmente para o livro. Quando temos um tema central é mais fácil desenvolver um raciocínio e criar uma linguagem própria. Vamos descobrindo ao longo do trabalho qual é seu estilo e essa linguagem com as nossas características. A gente vai descobrindo fazendo, não penso antes, mas durante o processo. Sei de onde partir, mas vou descobrir onde devo chegar. Tudo é processo, temos que passar pelo processo para chegar ao propósito.

MaisPB – Suas abordagens chegam até a alma, mas me parece que poucas pessoas têm essa sensibilidade. Estou certo?

Beth Goulart – A sensibilidade faz parte do ser humano e todos tem acesso a ela, mas alguns deixam sua sensibilidade adormecida, entorpecida pelo medo que separa as pessoas, ou da ignorância que não aceita o novo ou o que é diferente. Então, precisamos da arte para poder despertar os sentidos, a arte leva a humanidade a se encontrar com seus sentimentos, nos lembra de nossa humanidade que é o que nos diferencia das feras. Quando o ser humano esquece de sua humanidade vira uma fera, um predador, ele mata, destrói, aniquila e nem sempre por sobrevivência, mas muitas vezes por prazer, por diversão, por ganância e poder. É a barbárie das guerras por exemplo, que destrói vidas por questões econômicas.

MaisPB – Já lançou o livro por aí – seria bom que o lançamento chegasse até o Nordeste, não é?

Beth Goulart – Seria ótimo, vamos combinar um lançamento por aí, vou adorar.

MaisPB – O que você tem feito além de escrever – tem saudade das novelas, do teatro?

Beth Goulart – Tenho saudade desse contato direto com o público, mas estou preparando palestras em cima do tema do livro “O que transforma a gente?” e retorno com o espetáculo “Simplesmente eu, Clarice Lispector”, um solo que adaptei e dirigi sobre a vida e obra de Clarice, no Rio de Janeiro a partir de março e, depois, levo a montagem por todo o Brasil.

MaisPB