João Pessoa, 15 de fevereiro de 2025 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Tudo é para ontem. E ontem não existe mais, porque hoje é sábado.
Eu traço o caminho que vai dar no sol. Já não tenho mais pressa e nenhuma prenda minha.
Lá fora, o milagre da vida se repete. Não existe beleza igual ao que chamamos de privilégio, o amanhecer na praia do Cabo Branco. Acorda, Maria Bonita!
Os idosos que fazem a travessia, tal qual um coro de crianças cantando, os homens e as mulheres parecem se banhar quando o sol aparece – mas tudo é rio. No espelho do mar a solidão excita, mas não vejo ninguém reclamar.
Um destes dia uma casa aqui outra lá e os prédios assumem o lugar que já foi um lar.
Cadê aquela casa redonda, das festas enlouquecidas dos anos 80, já perto da ponta do Cabo Branco?
Às vezes fujo e volto pela barreira do Cabo Branco, para contemplar as poucas árvores, vendo vir o perigo, as derrubadas. Por todo canto as árvores vão desaparecendo do mapa – ainda somos uma cidade verde?
Na poesia do Bandeira, encontro a oração para suportar cada corte abrupto, cada vez que a vida trai a gente.
“Eu quero a estrela da manhã
Onde está a estrela da manhã?
Meus amigos meus inimigos
Procurem a estrela da manhã”
Pessoas como nós, despidas, como se estivéssemos sozinhos, mas a vida não pode ser revogada.
Outro dia disse ao Senhor Trigueiro, que eu estava só, e ele na bucha: “Não está. Nunca estamos sós”.
E logo me descubro comigo. como se fora um desconhecido, nunca um forasteiro.
Eu desejo então a gargalhada geral, nunca a última, talvez bolar de rir, até chorar, sem precisar de uma maneira indevidamente sedutora ou provocante para chamar a atenção.
Puxa vida! Não sei mais escrever.
Kapetadas
1 – E quando Ainda Estou Aqui não estiver mais aqui?
2 – Quase tudo se espatifa, menos os patifes.
3 – Som na Caixa – “Andei por andar, andei, e todo caminho deu no mar”, Dorival Caymmi
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MINISTRO DO TCU - 14/02/2025