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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Um lampejo na poesia do Bandeira

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publicado em 15/02/2025 ás 07h00
atualizado em 15/02/2025 ás 08h15

Tudo é para ontem. E ontem não existe mais, porque hoje é sábado.

Eu traço o caminho que vai dar no sol.  Já não tenho mais pressa e nenhuma prenda minha.

Lá fora, o milagre da vida se repete. Não existe beleza igual ao que chamamos de privilégio,  o amanhecer na praia do Cabo Branco. Acorda, Maria Bonita!

Os idosos que fazem a travessia, tal qual um coro de crianças cantando, os homens e as mulheres parecem se banhar quando o sol aparece  – mas tudo é rio. No espelho do mar a solidão excita, mas não vejo ninguém reclamar.

Um destes dia uma casa aqui outra lá e os prédios assumem o lugar que já foi um lar.

Cadê aquela casa redonda, das festas enlouquecidas dos anos 80, já perto da ponta do Cabo Branco?

Às vezes fujo e volto pela barreira do Cabo Branco, para contemplar as poucas árvores, vendo vir o perigo, as derrubadas.  Por todo canto as árvores vão desaparecendo do mapa – ainda somos uma cidade verde?

Na poesia do Bandeira, encontro a oração para suportar cada corte abrupto, cada vez que a vida trai a gente.

“Eu quero a estrela da manhã
Onde está a estrela da manhã?
Meus amigos meus inimigos
Procurem a estrela da manhã”

Pessoas como nós, despidas, como se estivéssemos sozinhos, mas a vida não pode ser revogada.

Outro dia disse ao Senhor Trigueiro, que eu estava só, e ele na bucha: “Não está. Nunca estamos sós”.

E logo me descubro comigo. como se fora um desconhecido, nunca um forasteiro.

Eu desejo então a gargalhada geral, nunca a última, talvez bolar de rir, até  chorar, sem precisar de uma maneira indevidamente sedutora ou provocante para chamar a atenção.

Puxa vida! Não sei mais escrever.

Kapetadas

1 – E quando Ainda Estou Aqui não estiver mais aqui?

2 – Quase tudo se espatifa, menos os patifes.

3  –  Som na Caixa – “Andei por andar, andei, e todo caminho deu no mar”, Dorival Caymmi

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB