João Pessoa, 16 de fevereiro de 2025 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Eu só acredito numa Branca de Neve que acorde o Príncipe e não o contrário. As mulheres não dormem, são filhas do Sol, do clube da luta e ninguém mais trabalha do que elas, por elas – são superiores aos homens, não resta dúvidas.
No poema “Eros e Psiquê” de Fernando Pessoa, um infante, que viria
do além do muro da estrada, chega onde em sono que ela mora e vê que ele mesmo era, a princesa que dormia. É tão bonito isso. A mulher é o Narciso do homem, mas não precisa do espelho d´água.
Elas estão no topo, sempre perto, nos alimentam de várias maneiras, com o olhar, ora mãe, ora amor e nós homens somos frágeis por natureza. Elas não regressam, estão sempre nas quatro estações.
As mulheres nomes das canções “Angélica” de Chico Buarque, um retrato triste da busca de Zuzu Angel perdida de porta em porta procurando o filho que até hoje mora na escuridão do mar. Mulheres, não se mirem no exemplo daquelas mulheres de Atenas, “que quando fustigadas não choram, se ajoelham, pedem imploram, mais duras penas; cadenas”.
As mulheres das canções de Jobim, Lígia, (Lygia Marina de Moraes de olhos morenos, um disfarce da identidade e da atração do compositor pela musa que, nos anos 1960, foi professora de ensino primário da filha mais velha de Tom) Ângela, Soledade de Zé Américo, Conceição de Cauby, Nara, Bethânia, Elis e Leila Diniz, e todas que nunca foram estátuas sobre figuras masculinas. Jamais.
Tão entrelaçados os nossos dedos, além das alianças, mulheres do poder, mulheres com quem temos as melhores conversas e que nos aperreiam, é claro, mas nos salvam mil vezes – em qualquer dor ou preocupação a resolver -, que driblam o tempo a sentir no ar o pulsar do “abraço de anos-luz”.
Dia 8 de março não é mais o dia da mulher, mas podem comprar os presentes que elas adoram – entre o meu acreditar, é certo que as mulheres devem ser homenageadas todos os dias, de manhã, de tarde, de madrugada, abraçadas, aquela que gera o calor, que faz o café, a que leva o menino na escola, a que expande, se multiplica feito um oceano e uma terra à vista.
Onde um rei fala baixo, uma mulher é a rainha. Não sei que nome lhe daria, ou talvez ainda nem sequer o tenha, talvez seja só mulher a convencer sem precisar.
Encadernadas na nossa pele, a mulher é a melhor pessoa do mundo e eu nunca vou entender como um homem tem coragem de bater numa mulher, de matar uma mulher, a sua mulher.
Só a mulher faz o tempo fluir, com quem sonhamos, adoramos, tempos idos e vindos e todos nós, mais tarde ou mais cedo chega a felicidade de encontrar uma mulher para deitar o nosso corpo, ninar como se fossemos crianças e depois do amor, é só sonhar.
Todos nós construímos jardins imaginários em volta da alma. É impossível ser igual uma mulher, elas são mais bonitas que a prosa, a rosa do bem-querer, mas não se bate numa mulher nem com uma flor.
Mulher nascida em qualquer lugar, na terra vermelha, azul, que nos envolva e que sempre te amaremos, nós homens de boa vontade
Se eu pensar em Bukowski a propósito do amor vão dizer que eu não entendo as mulheres? “Que ela surja, não venha; parta, não vá”, dos versos de Vinícius de Moraes.
A imagem necessária de beleza e Vinícius de Moraes estava errado, as feias são fundamentais – e todo amor, a usura na memória de um amor nunca impossível; e, com sorte, se sorte tiver, agradeça a Deus, por ter o amor de uma mulher.
Kapetadas
1 – Entre todos os animais, só o homem tropeça e aplaude a própria queda.
2 – Quer saber? Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças climáticas.
3 – Ilustração do quadro Eco e Narciso, pintura de John William Waterhouse
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SEGURANÇA PÚBLICA - 19/02/2025