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Graduada em direito e pós graduada em direito criminal e família, membro da academia de letras e artes de Goiás, tenho uma paixão pela escrita Acredito no poder das palavras para transformar realidades e conectar pessoas

Grandes amores não permanecem

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publicado em 19/02/2025 ás 07h00
atualizado em 18/02/2025 ás 21h30

Toda grande história de amor, inevitavelmente, carrega consigo a sombra da despedida. Faz parte do show. É como se o universo tivesse um pacto silencioso para que os amores mais intensos, aqueles que nos fazem sentir vivos em cada célula do corpo, nunca pudessem ser totalmente nossos. Eles chegam como um furacão, varrendo tudo à sua frente, iluminando os dias com uma intensidade que nos deixa sem fôlego, e então, em um piscar de olhos, desaparecem. Acontece.

Deixam atrás de si um eco ensurdecedor, um vazio que parece ocupar todas as veias abertas do coração, e uma lembrança que se torna uma tatuagem imaginária. Os amores que realmente tocam a essência do ser não terminam com a serenidade esperada. Não são aqueles que se acomodam nas pequenas coisas do cotidiano, que compartilham o silêncio confortável de um sofá ou o ritual de um café pela manhã. Esses amores são válidos e bonitos, sim, mas têm outra natureza.

São amores que se constroem na urgência da vida, tijolo por tijolo, extamente como está na canção Construção de Chico Buarque – são os momentos fugazes e intensos. Há uma beleza nisso; é uma beleza tranquila e reconfortante. Mas e os amores que queimam? Aqueles que fazem o coração acelerar e a pele arder? Esses são feitos de chamas. Eles não aceitam limites; almejam tocar as estrelas. E assim, sempre se despedem no auge da paixão, no instante em que tudo parece perfeito. É a vida!

Quando percebemos a força desse amor avassalador, já estamos perdendo-o. É como tentar aprisionar o vento nas mãos: por mais que desejemos segurá-lo firme, ele escapa entre nossos dedos, deixando apenas a sensação de sua passagem. A pessoa que mais nos amou — aquela que cruzou nosso caminho e mudou o rumo da nossa existência — raramente será a mesma com quem compartilharemos os anos dourados.

Talvez o destino tenha consciência de que esses amores são grandes demais para caber em uma única vida. Talvez eles existam para nos lembrar da profundidade dos nossos sentimentos e da capacidade de nos transformarmos completamente por causa deles. E uma vez transformados por esse amor intenso, nunca mais seremos os mesmos; a mudança é irreversível.

Esses amores nos ensinam sobre a fragilidade da felicidade e a intensidade da vida. Eles nos mostram que amar profundamente é também saber soltar quando chega o momento. Afinal, mesmo quando partem, esses amores deixam marcas indeléveis em nossa jornada — marcas essas que nos acompanham e moldam quem somos para sempre. E assim seguimos adiante, com o calor das lembranças aquecendo nossos corações e nos lembrando da beleza do amar.

Existe o amor de nossa vida e o amor para nossa vida, geralmente ficamos com o segundo. Pense nisso.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB