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Kubitschek Pinheiro – MaisPB
Sabe Dom Pedro I, primeiro imperador do Brasil? Então, o nome dele jamais vai sair do imaginário brasileiro. O escritor Paulo Rezzutti acaba de lançar uma nova edição do livro “D. Pedro I: A história não contada”, com selo da Editora Record – revista e atualizada, a biografia de D. Pedro I é um catatal e traz nesta edição a importância do imperador para a independência do Brasil, uma figuraça relevante na história do nosso país.
Vamos imaginar que pouco se sabe da vida desse homem, mas o livro de Rezzutti está repleto de informações. Se não fosse um livro que fica de pé, bem que poderia ser aplicado nas escolas.
“D. Pedro I: A história não contada”, traz o revelado mau gênio, suas amantes delirantes, dezenas de filhos e do grito da Independência, que ainda hoje se ecoa no Brasil encardido, cuja cena foi retratada na obra do pintor paraibano, Pedro Américo.
Na obra vamos encontrar cartas trocadas entre o imperador e a marquesa de Santos, e também entre ele e os filhos. Paulo Rezzutti destaca as facetas menos conhecidas de D. Pedro I, nos mínimos detalhes – da vida e dos feitos desse personagem complexo e interessante.
Estão lá os aspectos políticos e militares da trajetória do “rei soldado” e relata os pormenores da vida pessoal, as paixões e os conflitos internos de D. Pedro I, mostrando o homem, suas falhas morais e casos extraconjugais ― o Pedro por trás do trono.
O livro é uma viagem aos bastidores de uma era de transformações e conflitos, guiada por um dos maiores especialistas em história do Brasil da atualidade, o Paulo Rezzutti
Prefácio
“D. Pedro de Alcântara conseguiu soltar as amarras do passado que prendiam Brasil e Portugal, abrindo a possibilidade de estas se desenvolverem em direção a um futuro de modernidade.” ― do prefácio de António Nunes Pereira, diretor do Palácio Nacional de Queluz
Confere aí a entrevista do autor, que conversa com o MaisPB pela segunda vez
MaisPB – A gente pode pensar que “D. Pedro I História Não Contada” é uma segunda edição de uma edição revista e atualizada?
Paulo Rezzutti – Não, é uma reedição completamente nova, por outra editora. Além da inclusão de novas informações, também tem um projeto gráfico completamente novo, mais arejado, e uma nova capa.
MaisPB – Aliás, já estava previsto, né?
Paulo Rezzutti – Sim, em 2024 eu assinei para reeditar minha coleção “A história não contada” pela editora Record, esse é o primeiro relançamento. Na sequência, virão “D. Pedro II” e “D. Leopoldina”, com a primeira obra inédita prevista para 2026.
MaisPB – Poderia comentar coisas valiosas que entraram nesse novo volume?
Paulo Rezzutti – Entre outras coisas, foram acrescentadas mais informações a respeito da história da dinastia de Bragança, dando um perfil melhor da família onde d. Pedro nasceu. Também há muito mais informações sobre a educação do príncipe, especialmente sua formação musical, e sobre seu trabalho como compositor, usando a música, por meio das composições cívicas, como forma de expressar suas ideias políticas. Mas não era só na música que d. Pedro estava envolvido, ele também tinha grande interesse na cultura e nas artes. As partes novas do livro também explicam melhor sua parte na criação do primeiro museu público de Portugal, que teve um afrodescendente como primeiro diretor, e até no projeto do casarão da marquesa de Santos.
MaisPB – Mesmo tendo morrido tão cedo e com tantas contradições da sua vida, mas trata-se de um personagem rico, cujo nome jamais morrerá, né?
Paulo Rezzutti – D. Pedro é um personagem fundamental tanto na história do Brasil quanto de Portugal, tendo sido responsável por moldar a maneira como os dois países se tornaram democracias já a partir do século XIX. Mas o que me chama mais atenção sobre ele é que ele era muito humano, com qualidades e defeitos como todos nós, embora com ele tudo fosse muito intenso. O que as qualidades têm de extraordinárias, os defeitos têm de abissais, e tudo isso o torna muito interessante de estudar.
MaisPB – Muito bom o prefácio do professor Antônio Nunes Pereira. Ele faz um resumo da vida do Dom Pedro e coloca sua obra no patamar do Palácio Nacional de Queluz. Vamos falar sobre isso?
Paulo Rezzutti – Para esta reedição, achei que nada seria mais justo que chamar o diretor dos Parques de Sintra, que administra o Palácio Nacional de Queluz, para escrever o novo prefácio. Como você mesmo diz, ele coloca a vida de d. Pedro dentro do contexto físico do palácio, mas também no contexto histórico da formação política do Brasil e de Portugal com o fim do Absolutismo e a criação de uma monarquia constitucional. Essa tarefa foi consolidada pelos dois filhos do monarca, d. Pedro II no Brasil e d. Maria II em Portugal, assim mantendo a família Bragança à frente de todo seu antigo território, mesmo depois da independência brasileira.
MaisPB – Paulo Rezzutti que é um danado, com obras bem densas sobre a história do nosso país, está com nova pesquisa de campo?
Paulo Rezzutti – Estou trabalhando neste momento numa nova biografia sobre D. João VI, um personagem extremamente subestimado da nossa história. Deve ser publicada pela Record em 2026.
MaisPB – Teria sido Dom Pedro I um homem moderno?
Paulo Rezzutti – D. Pedro era um homem de seu tempo, era moderno no sentido de que ele estava aberto às ideias novas e ao futuro que elas podiam trazer em vez de se prender aos ideais do passado nos quais foi educado.
BOLETIM DA REDAÇÃO - 28/02/2025