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Onaldo Queiroga é juiz da  5ª Vara Cível de João Pessoa  e escritor e é conhecer e colecionador da obra de Luiz Gonzaga

A utilidade e o amor

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publicado em 15/03/2025 ás 12h02
Recentemente recebi um vídeo que me chamou muito atenção, principalmente pela verdade da situação ali posta pelo Padre Fábio, que com muita propriedade fala sobre a utilidade das relações humanas.
De forma proficiente, a citada reflexão procura demonstrar que na grande maioria das vezes, nas relações entre as pessoas, há o toque inquestionável da utilidade, ou seja, somos prestativos, afáveis, solícitos e amigos, pois sabemos que algo de útil podemos arrancar da outra pessoa. É aquela história, em muitas ocasiões emerge o pensamento de que a pessoa que está ali bem próximo gosta da gente, mas na verdade ela está simplesmente apenas interessada no que você pode fazer por ela. Evidentemente que não são todos nos circundam que sob o agir da utilidade, mas não podemos desconhecer o fato de que existem realmente os seres que vivenciam a utilidade.
Com sapiência, enfoca que o período da velhice é o tempo onde com clareza o ser humano consegue enxergar e sentir com precisão o impacto da utilidade. Depois de anos e anos de luta pela vida, sendo útil para filhos, parentes e amigos, o homem chega a maturidade, a velhice, momento em que aposentado, sem ter mais tanta importância no ato de servir, pelo contrário, agora surge o instante em que é chegada a hora de ser servido, vem, então, a dura realidade o da dura dependência de ser levado para um banho de sol, de não ser ali esquecido e até mesmo de uma pessoa que disponha de alguns minutos para uma conversa. Como diz Padre Fábio: “…É por isso, que a velhice é esse tempo passa a utilidade e fica só o seu significado como pessoa. Eu acho que é o momento que a gente purifica, de sabermos quem de verdade nos ama de verdade, porque, só nos ama, só vai ficar até o fim, aquele que depois da nossa utilidade descobriu o nosso significado…”.
Diante disso, devemos procurar sempre identificar, conviver e envelhecermos ao lado de pessoas que nos vejam não só como úteis, pois quando somos inúteis e assim mesmo alcançamos a atenção de alguém, é justamente esse alguém que nos ama de verdade, e na velhice estenderá a mão para o auxilio, emprestando o seu tempo para uma bate papo, um passeio etc. Se você quiser saber se uma pessoa te ama, então, veja se ela é capaz de acolher ou não sua inutilidade. Faça o teste, e sem dúvida, você encontrará poucos que apesar da sua inutilidade para com eles, realmente são aptos te aceitarem assim mesmo. Esses são os que te amam.
É da análise da utilidade e da inutilidade que permeiam as relações humanas que se consegue extrair o verdadeiro amor. Esse sim, suscetível de demonstrar que o homem tem como olhar para seu semelhante e dizer: Você é inútil, não serve mais pra nada, mas não sei viver sem você.

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