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É formado em Direito pela UFPB e exerce funções dedicadas à Cultura desde o ano de 1999. Trabalhou com teatro e produção nas diversas áreas da Cultura, tendo realizado trabalhos importantes com nomes bastante conhecidos, tais como, Dercy Golcalves, Maria Bethania, Bibi Ferreira, Gal Costa, Elisa Lucinda, Nelson Sargento, Beth Carvalho, Beth Goulart, Alcione, Maria Gadu, Marina Lima, Angela Maria, Michel Bercovitch, Domingos de Oliveira e Dzi Croquettes. Dedica-se ao projeto “100 Crônicas” tendo publicado 100 Crônicas de Pandemia, em 2020, e lancará em breve seu mais recente título: 100 Crônicas da Segunda Onda.

O Castelo mal Assombrado

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publicado em 16/03/2025 ás 07h00
atualizado em 15/03/2025 ás 19h22

Com seu jeito extravagante e sua aparência exótica, Marta viaja para uma pequena e tradicional cidade para receber uma valiosa herança de seu Tio Mauro, um dos homens mais abastados da região.

É um castelo tenebroso dentro da fazenda onde seu amado tio havia morado e falecido.

Marta tinha a chave do Castelo, pois passava férias lá todo mês de janeiro e o visitava com frequência.

Mas um fato intrigou a jovem Marta naquele momento.

Onde foram parar os inúmeros móveis suntuosos do imóvel? Também não havia mais barulhos no ambiente, sempre ouvia ruídos de obra bem longe.

Seu tio possuía imenso bom gosto e posses, e, nunca deixara a casa vazia ou faltando manutenção, tudo era simplesmente impecável.

Não podendo ficar naquele ambiente inóspito, acabou sentindo medo da situação e decidiu ficar seus dias num hotel, pois nem cama havia no seu antigo quarto. No momento que vai em direção à saída principal, encontra alguns bilhetes no chão e paredes, escrito à mão: A CHAVE. Todo bilhete estava escrito “a chave” e rapidamente se deu conta que seu tio vivia dizendo que todo mundo em qualquer situação de guerra ou perigo, devia se dirigir a um “bunker”.

A verdade é que ela nunca soube onde estava localizado, mas lembrou das chaves grandes e antigas decorando a cozinha e deu de cara com a chave do lado de dentro na porta da copa e saiu procurando a fechadura antiga das três portas estranhas em formato de janela na área de serviço que sempre a intrigaram. Foi a segunda porta/janela que encaixou no modelo da chave em mãos.

Ela conseguiu abrir e para sua surpresa ao descer as escadas, tinha uma vela acesa com uma carta embaixo do pires.

Abriu a carta desesperadamente e quase desmaiou com o conteúdo. Estava escrito: ainda estou vivo! Te aguardo no último quarto.

Nesse momento começa a perceber os móveis de outrora organizados do mesmo modo que estavam no andar de cima e foi em direção ao último compartimento.

Não acreditou no que estava diante dos seus olhos.

Era seu tio, risonho e impávido já apontando para outra pessoa sentada ao pé da cama pedindo que ela voltasse e trancasse a entrada do castelo de imediato e não se assustasse que explicaria tudo.

Marta trêmula e atônica, corre ofegante e volta rapidamente após o pedido do tio.

Ele explicou que armara um plano de sumir do mundo, que armazenou uma vida para estar ali longe de todos os perigos do mundo, sejam terrestres ou tecnológicos, falou que não se acostumou ao mundo hostil da internet e preferiu se isolar com sua esposa!

Sim, Maura estava sem palavras ao ver sua tia Dalva viva, ali na sua frente, desfazendo a notícia de sua morte por câncer há cinco anos.

Após choros e abraços, pedidos de perdão, o clã reunido pode se deleitar dos prazeres do ambiente.

Era tudo perfeito, praticamente uma cidadela abaixo do Castelo e uma outra parte dava para uma área amuralhada da fazenda com pomares extensos e criadouro de animais onde se adentrava por um extenso túnel.

Resumindo a história, Marta ficou encantada com a ideia do seu tio de transformar o seu antigo lar num Castelo mal-assombrado. A partir de então, passou a morar no Castelo e com isso, mais um membro da família morreu subitamente dentro da fortaleza e a má fama iria se espalhar instantaneamente pelos quatro cantos da cidade e mundo, reforçando a segurança e aumentando o medo e sigilo do local, pois a cada dia que se passa ninguém tem coragem de se meter ali.

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