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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Diagnóstico dos grupos

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publicado em 16/03/2025 ás 07h00
atualizado em 16/03/2025 ás 08h59

Os grupos são uma expressão de espontaneidade democrática, que determina um número de pessoas. Não é mais.  É uma coisa doida – de repente, colocam a gente num grupo, metem a trempe e a colher onde não cabem, e tome bobagens. Começam falando de comportamentos e depois entram na política, postam mensagens dos corruptos, o nascimento do neto, as tragédias de sempre.

Na construção das relações intersociais, as antigas patotas,  as de sempre, noves fora, nada. – grupos em redor de um cadáver e ficam carregando o morto que permanece ali e o administrador esquece de tirar o nome. Quando não existe cadáver, esse espaço vazio evoca os muitos cadáveres que andam por aí dando pintas.

Cada grupo mantém coesa a sociedade civil. Como assim? O grupo é um “cristal de vidro”, disse o filósofo Branxu, que deseja chegar à Academia Paraibana de Letras. E tem os grupinhos fechados. Um amigo da coluna, como diz o colunista Jurema, tem mais de cem grupos no Zap. Ou seja, não tem o que fazer.

Os que compõem e seguem bem direitinho as regras do grupo, revelam de súbito a sua pertença,  quase uma seita: Lembram de Roldão Mangueira (foto)  e  suas borboletas azuis, seguidores devotados de um poder oficialmente inócuo, essencialmente persecutório? Cadê a sua opinião? Cadê meu advogado?

Essa tal de opinião é o verdadeiro diagnóstico do grupo, e empurram e  se acotovelam sem disso se aperceberem; todos convergem para o mesmo barco, que é o círculo vazio no centro das revelações. E chegando mais. De repente me colocam num grupo e eu nem sei o que estão discutindo, simplesmente saio.

 Tem os grupos dos aposentados, do condomínio, dos fãs da ditadura, franquistas, das piadistas e os que detonam os outros e entopem de fotografias de festas  – esses estão a multiplicar. É uma onda. Os participantes precipitam-se, pedem orações, para quem vai se operar e fazem vaquinhas em busca de salvação.

A distinção não para, pois distintos ficam acreditando que estão a experimentar emoções secretas, raras, únicas, extremas. Quando o grupo é da marcharia só postam mulher nua ou fazendo aquilo. A fofoca reina. Uma moça disse num grupo que adora o pênis do novato e outra mete o pau no cunhado. Que coisa!

 E o grupo dos links printados?  Da rapsódia ao Zebedeu. Mas, se a cultura quer dizer também imaginação e a coragem, capacidade de fazer por si mesmo, de ir contra a corrente e de enfrentar os politicamente corretos, nesse caso os grupos e os balacocados não são os melhores lugares para encontrar ninguém ou algo cultural.

 Tem os grupos religiosos e não tenho notícia de nenhum grupo evangélico, mas o avatar deve ser o mesmo, o doce bárbaro Jesus. Como seria o avatar de um grupo dos Testemunhas de Jeová? No privado mandam tuias de orações e pedem que sejam enviadas para 12 pessoas, além do bom dia, boa tarde e boa noite  e todos repetem, amém.

Grupos de família, tem uns bolsonaristas e outros petralhas e lá rolam brigas, tal membro esculhamba outro e relevam segredos, falam que tal pessoa sempre leva um quentinha e nunca sobra um pedaço do bolo da noiva. Esses são hilariantes.

Imagino um grupo dos deputados, putas, policiais  bandidos e conchavos.  

Como se fez notar o francês René Girard  apelidado “o novo Darwin das ciências humanas” que morreu faz tempo, “o segredo do sucesso, nos negócios como no amor, é a dissimulação. É preciso dissimular o desejo que se sente, é preciso simular o desejo que não se sente. É preciso mentir.”

Então, o René não  estava em nenhum grupinho? Até.

 

Kapetadas

1- Hoje não caiu nenhum avião, mas a minha internet caiu três vezes.

2 –Meditando aqui se devo aprender a meditar

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB