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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

‘Adolescência’: Série da Netflix seria inspirada em história real?

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publicado em 18/03/2025 ás 07h00
atualizado em 18/03/2025 ás 08h33

O amor é de graça? Na altura de nossas vidas, a minissérie ´Adolescência´, da Netiflix, é um tapa na cara. Traz a história de Jamie, um adolescente de 13 anos da Inglaterra, acusado de matar uma colega de escola a facadas. O pico desse horror é uma solidão imensa.

Durante quatro episódios, cada um deles filmado em uma tomada contínua, ou seja, não há cortes, o espectador acompanha um momento pós-crime: um dia depois, três dias, sete meses e, finalmente, 13 meses. É muito cruel. Muito.

A série foi criada por Stephen Graham, que também atua como Eddie Miller, pai de Jamie. Ele escreveu os roteiros com Jack Thorne.

São questões contemporâneas sobre masculinidade tóxica, bullying e redes sociais.

Vamos imaginar que é tudo mentira, uma história que o diretor disse ter tirada do noticiário, uma cena de descomedimento e imensurável, que coloca a infância num poço sem fundo que, se alguns tapam, outros vão bebendo dele pela vida fora sem moderação. Mas não é mentira. Mãe zelosas, pais corujas, como está na canção de Gilberto Gil

Sonhos e estrelas vivem juntos numa conta perdida de uma cidade, junto com todas as pancadas da imaginação; cenas que acumulam-se ali, somadas as mais terríveis que uma família é capaz de suportar.

O poeta chileno Vicente Huidobro escreveu algo assim “O sol nasce em meu olho direito e põe-se em meu olho esquerdo/ Na minha infância uma infância ardente como um álcool/ Sentava-me nos caminhos da noite/ a escutar a eloquência das estrelas/ E a oratória da árvore (…)”

Nem sempre é fácil retomar a vida mais tarde, quando mais tarde já é tarde demais. Que falta faz o entendimento anterior, o amor que é de graça. Somos todos palhaços?

Vamos nos aquietar se estamos com fome de entendimentos, ao invés de ficarmos inquietos, aflitos, angustiados, poderíamos subir numa árvore para saber o que há nos ninhos dos pássaros, bem diferente do que há no ninho dos homens.

Os pais são importantíssimos para o desenvolvimento e discernimento dos filhos.

Não me lembro de ter sido adolescente, mas meu pai me mandou pra vida a-m-o-r-o-s-a-m-e-n-t-e. Já fui longe o suficiente no delírio de existir, mas nunca para ficar só no verbo, por essa ou outra razão de resistir.

Vamos mudar o assunto, pensar num tema do poeta  Manuel Bandeira: “a vida trai muito a gente”.

A minissérie ´Adolescência´,  revela a falta de diálogo, a ausência do empenho na vida de um pai na erosão dessa fronteira entre  filho criado, trabalho dobrado.

Kapetadas

1 – No  Brasil, se morre de chuva, de tiro, ou de rir, porque chorar não adianta mais.

2 – Não consigo sair de casa sem me assombrar com a beleza das árvores (peço perdão pela inconveniência da minha existência).

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB