Estava escrito. O prefeito Luciano Cartaxo não iria deixar passar em branco a saia justa a que foi submetido quando o PSB – aliado da campanha de 2014 – desdenhou publicamente da gestão do ‘parceiro’ em João Pessoa, mandando comunicar, via assembléia partidária, do total desinteresse e falta de apetite de participar do governo municipal. A legenda quis ficar livre e desimpedida em 2016.

Até para um comedido Luciano Cartaxo há limites pra tudo. E foi mais ou menos isso que o prefeito expressou ao oficializar ontem sua licença temporária da Prefeitura. Descansar após uma maratona ininterrupta de dois anos não teria nada demais… Não fosse o momento da decisão e a simbologia de quem assume o posto.

Tudo seria perfeitamente normal, salutar e institucional, se não viesse uma semana após a ‘desfeita’ socialista. Nada seria extraordinário, se o afastamento não ressuscitasse das cinzas um emblemático desafeto político a quem o governador havia enterrado vivo nas eleições passadas.

Pelas mãos de Cartaxo, o vice-prefeito e presidente estadual do PPS, Nonato Bandeira, passará duas semanas no cargo um dia ocupado por Ricardo Coutinho, com toda a pompa e circunstância de prefeito, dando entrevistas, inspecionando obras, recebendo visitas e mantendo audiências com autoridades.

Para Nonato, amofinado depois do resultado das urnas, de onde saiu amargando dupla derrota (a dele próprio e a de Cássio), a assunção ao cargo é um presente antecipado de Natal que ele, matreiro como é, saberá aproveitar muito bem para voltar à superfície e abreviar seu involuntário processo de hibernação.

Quem apostou na passividade do prefeito, é porque não conhece ditado famoso lá pelas bandas de Sousa. Remédio para um doido é outro doido na porta, ensina a sabedoria sertaneja. E se vingança é um prato que se come frio, dessa vez Cartaxo decidiu se fartar.

*Reprodução do Jornal Correio da Paraíba.

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