Não deu pra mais ninguém nessa semana. A carreta azul que trouxe um transformador ao interior da Paraíba reinou soberana. Mesmo a queda sucessiva do dólar perdeu longe para o maior acontecimento que a Paraíba já presenciou desde o desfile das escadas rolantes produzido por Dona Creusa Pires através dos bairros da então insipiente capital há mais de 50 anos. Era puro marketing para atrair a atenção dos futuros clientes do Gran Pires (O lojão da lagoa), injetando orgulho em quem se submetia a ir até Recife só para passear nas escadas rolantes da loja Viana Leal. A partir de então bastava ir à loja dos Pires para subir e descer à vontade… e de graça. Bem verdade que no início foi necessária a contratação de instrutores para ensinar o povo a usar as escadas rolantes. Alguns queriam embarcar e sentar nos degraus (um perigo para os beliscões nas bundas ao final do trajeto), outros quebravam suas sandálias japonesas ao termino do curto passeio…, mas deixemos as recordações para lá. O que valeu mesmo foi a mobilização do povo para ver a passagem da carreta azul com seus quase 400 pneus, vários motoristas e, dizem, um exército de borracheiros.

Eu mesmo assisti ao empresário I. do G. convocar o senhor N. para alugarem uma van e oferecerem lugares ao custo de cem reais somente o passeio (pacote standard) ou até 300 reais com direito a cervejas, ouvir a trilha sonora (3 funks) especialmente composta para a carreta azul e ao final do percurso quando parassem para ver a carreta passar no Cajá, 5 tapiocas do irmão Firmino (pacote premium). Foi tanta procura que tiveram de colocar mais duas vans no programa. Convidado, o Prefeito Cícero Lucena declinou da honra devido ao horário.

Mas nem pensem que foi só festa a passagem da carreta azul. Até o mundo jurídico foi atingido pelo acontecimento. Vários escritórios de advocacia foram procurados para saber se os empregados dos estabelecimentos comerciais poderiam usar a desculpa de terem ido ver na madrugada a passagem da carreta azul como motivo de queimarem o primeiro expediente do dia seguinte.

Aumentou exponencialmente o movimento dos motéis pela frequência de maridos que justificavam às esposas a ida à BR para na verdade praticarem saliências.

E ainda não está confirmado que políticos estejam criando a semana da carreta azul, com direito a feriados.

Para mim ficou a imagem do povo aplaudindo o desfile às margens da estrada enquanto os motoristas das carretas buzinavam e acenavam para a multidão.

Foi lindo!

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