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Poeta, escritor e filósofo. Nasceu em Pombal no ano de 1961. Reside em João Pessoa

VAMPIROS NA CULTURA POPULAR

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publicado em 25/03/2025 ás 07h14

O vampiro é um ser lendário que tem sido temido por pessoas ao redor do mundo por muitos e muitos séculos. Apesar da grande diferença geográfica e temporal de onde surgiram as histórias sobre vampiros, o folclore que o abarca é surpreendentemente uniforme especialmente em relação aos poderes e as limitações do vampiro. Em cada cultura o vampiro adquiriu características distintas que precisam ser levadas em consideração de acordo com o contexto ambiental. A maioria das descrições sobre ataques destes temidos seres tem origem, principalmente, na Grécia, na China, na índia, no Leste Europeu e “civilizações como a dos sumerianos, dos babilônios, dos indianos e os povos hebreus, maias e astecas conviveram com o fenômeno do vampirismo.

O vampiro é normalmente considerado como sendo aquele que existe no estado de “morto vivo”, literalmente um corpo reanimado. Algumas tradições descrevem o vampiro como sendo um corpo habitado por um ser maligno, outros, como um corpo possuído por uma feitiçaria (uma situação dentro dos domínios da magia negra) e ainda outros que descrevem o vampiro como um corpo possuído pela alma que ele tinha em vida. A Europa Central foi, durante muito tempo, o feudo “destes senhores da noite”, e que as antigas religiões caracterizavam como diabos ou demônios. “Para um vasto público”, “o vampiro é um sugador de sangue que se aproxima à noite de quem está dormindo e provoca-lhes morte lenta aspirando sua substância vital”.

Qualquer que seja sua origem, o vampiro é um ser que tinha vida, morreu fisicamente e então se ergueu do caixão para andar na terra e assustar os vivos. A ideia do vampiro supõe o conceito oriental do eterno retorno, segundo o qual ninguém é realmente destruído, mas volta infinitas vezes em reencarnações. Eles são seres noturnos, e o brilho do sol transforma-os em pedra e algumas vezes em pó. Tipicamente, eles são descritos como vestindo capas pretas, são magros e pálidos e como tendo habilidade de voar e transformar-se em animais, sendo o morcego o mais famoso, embora se essas características estavam ou não presentes nos mitos originais sobre vampiros, não se sabe ao certo. Eles habitam o caixão durante o dia e perambulam à noite, não suportam igrejas e temem o alho. O propósito de suas andanças é buscar aquilo que mantém seu estado de morto-vivo: sangue. Esse é o alimento do vampiro, o fluido essencial e único para a sua “vida” e que nutre sua imortalidade. Suas vítimas ficam anêmicas e extremamente fracas até que comumente morrem, enquanto que ele, o vampiro, continua no estado de Nosferatu. O vampiro retira as qualidades de sua saúde do sangue dos humanos ou animais tornando-se, assim, extremamente forte.

É somente durante o dia que aqueles que procuram destruir este ser das sombras podem fazer suas tentativas, pois o poder do vampiro existe somente durante a noite, desaparecendo ao amanhecer já nas primeiras cantigas dos galos. Quando o corpo de um vampiro é exumado, sua aparência é de um corpo ainda em vida, apenas com algumas mudanças resultantes do tempo passado desde o seu enterro. O corpo parece ter engordado e inchado, os cabelos e as unhas crescidas, os lábios com manchas de sangue, olhos abertos, e as bochechas parecem até mais rosadas quando em vida. Para acabar com este vivo uma estaca deve ser cravada em seu coração. Então, a cabeça deve ser cortada e colocada entre as pernas. Uma vez que o vampiro é “morto”, o corpo se transforma em pó imediatamente, ou no estado de decomposição que deveria estar naturalmente por ocasião do período subsequente a sua primeira morte. Frequentemente o corpo é também cremado para não deixar dúvidas da sua destruição total.

Somente um vampiro pode criar outro vampiro, então a lógica nos leva a crer que a história dos vampiros começou com um simples vampiro que criou outros vampiros. Como o fato de quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha, resta saber como nasceu o primeiro vampiro, pois se não existiu nenhum vampiro para fazer o primeiro vampiro, como o primeiro vampiro nasceu?

As origens dessas criaturas poderiam remontar ao antigo Egito, quando o culto e a veneração aos mortos era representados de forma ritual em cerimônias nas quais os acólitos adoravam uma divindade semelhante a um pássaro preto. Esse pássaro sinistro representava o voo da alma no momento da morte e viagem ao mundo das sombras. Os mortos que estavam “vivos” no mundo a que pertenciam, ocasionalmente voltavam e ás vezes levavam os habitantes do mundo da luz para o desconhecido, roubando-lhes a vida.

Enquanto Vlad Tepes, um príncipe do século XV conhecido como O Empalador, parece ter inspirado o vampiro ficcional moderno, as raízes do vampiro real têm origem muito diferente. Como uma entidade cultural, ele é um fenômeno mundial. Praticamente cada cultura tem sua história sobre vampiros. Os relatos seguem um padrão consistente: alguma desgraça inexplicável se abateria sobre uma pessoa, uma família ou uma cidade, talvez uma seca destruísse toda a plantação ou surgisse uma epidemia. Antes que a ciência fosse capaz de explicar os fenômenos meteorológicos e o surgimento de doenças e epidemias, os acontecimentos que não tinham explicação ou causas óbvias poderiam ser culpa do vampiro. Ele era uma resposta fácil para a velha questão do porquê que coisas ruins acontecem às pessoas.

Uma teoria envolve uma doença rara conhecida por Porfiria. Basicamente, porfiria faz parte de um grupo de distúrbios raros transmitidos hereditariamente, conhecidos por porfirinas em que uma importante parte da hemoglobina, a heme, não é produzida corretamente podendo causar: palidez extrema, lábios muito vermelhos, pele sensível ao sol. A catalepsia pode ser outra doença que o vampirismo tenha se inspirado. A catalepsia é associada com a epilepsia e a esquizofrenia, distúrbios que afetam o sistema nervoso central.

Existem também dois mitos muitos parecidos que explicam a origem do vampiro. Eles provavelmente são variações de contos do mesmo folclore. O primeiro mito é a história de Lamia, uma linda rainha que era amada por Zeus. As lâmias (do grego laimos: garganta) da Grécia antiga, eram espécies de monstros ou demônios que apareciam em forma feminina com cabeça de mulher, corpo de dragão e voz de serpente, devoravam cadáveres em cemitérios e sugavam o sangue de criancinhas. Uma criança nasceu da união de Lamia e Zeus. Hera, sob o domínio da inveja e da ira, raptou a criança. Triste, Lamia foi viver nas profundezas do mar. O tempo passou, e Lamia, agora representado por uma forma raivosa, perambulou pelas noites, roubando e comendo os bebês recém-nascidos. Gradualmente ela passou a seduzir homens jovens, e enquanto mantinha relação sexual com eles, sugava o sangue deles até a morte. Lamia era capaz de mudar de uma forma bela até uma assustadora. A metade dragão era considerada um dos estágios de sua existência ou a transição entre uma linda mulher e uma serpente-dragão. As vampiras femininas da modernidade são descritas como tendo o cabelo ruivo, pele pálida, olhos verdes.

O segundo mito envolve Lilith, provavelmente a primeira mulher de Adão. Lilith foi criada ao mesmo tempo em que Adão. O lendário em torno da Bíblia fixou que Lilith seria uma primeira mulher de Adão, supostamente a mãe dos demônios ou a dos falsos espíritos, uma espécie de Vampira, devoradora de crianças e adolescentes, chupadora de sangue e uma das mulheres mais marcantes da literatura. Ela recusou ser submissa a Adão, criando asas e fugindo dele. Os anjos encontraram o esconderijo de Lilith e falaram que a punição dela por ter deixado Adão seria que todas as crianças que nascessem dela morreriam. Com tristeza profunda, ela pensou em suicídio. Os anjos, com pena, deram a ela completo poder sobre os bebês na primeira semana de vida. Mais tarde Lilith se tornou esposa de Satanás, ele mesmo descrito como uma serpente. Lilith também seduzia homens jovens e depois os matava.

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