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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Zeba, menino danado!

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publicado em 01/04/2025 ás 07h00
atualizado em 31/03/2025 ás 18h47

O que faz com que uma pessoa seja só aquela pessoa e mais nenhuma outra? Zeba Lyra era assim. Ele e suas descobertas. Falava comigo de uma maneira tão fraternal, mas eu sabia da sua amorosidade, respeito – erámos amigos desde os anos 80.

Zeba era algo intrínseco a ele mesmo,  montado naquela perna de ferro.

Quando o conheci, ele era casado com Simone, uma mulher bonita e Zeba tinha as duas pernas, mas ter duas pernas não tinha muita importância para ele ou tinha, teve, pois ele andava com a de ferro nua e jogava no meio de campo. Nunca o vi apavorado diante da vida.

Zeba não era extrínseco, nem convencional, jamais fictício. Sua presença nas circunstância, no espaço em que o olhar já dizia muito, nesse caso dispensava qualquer essência. Era um homem comum que nem eu.

Saímos da universidade e íamos para casa dos pais dele em Tambaú, e falávamos de transcedências inesperadas. Eu discretamente não tirava os olhos da mulher dele, a Simone mais bonita que houvera.

O tempo nos afastou, e claro, eu tomei outro rumo e ele seguiu, mas sempre nos encontrávamos –  ele era desse mundo das pessoas – raras – que tem cultura. Careta, nunca.

Agora mais distante, uma metafísica cósmica, algo que toca todos os seres e os faz serem quem são, quem eram, até acordar da morte. Nunca pensei que escreveria sobre ele morto.

Todas essas coisas e meu olhar sobre a imagem dele, não passaria de uma aceitação do que ele já foi e que, por sua vez, só adquiriu bons amigos e agora  pintou uma saudade, coisa do olhar, olhar que, sem mistérios que sempre há de pintar por aí.

Não tenho problemas com sequências, coisas que começam, se desenvolvem e terminam. Coisas com coisas. coisas que são causas de certas consequências e vice-versa. Eu apenas choro quando vejo a notícia de um amigo morto.

Zeba era um menino danado e gostava das Kapetadas – por isso mesmo, hoje tem Kapetadas.

Kapetadas

1 – Olha Zeba, Se a IA fazer tudo por nós, a única função da gente vai ser dar bom dia para um robô. Dessa você se livrou.

2 – Zeba, domingo é um sábado casado. Então, não está valendo sua viagem domingueira.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB