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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

A cabeleireira Débora

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publicado em 06/04/2025 ás 07h00
atualizado em 06/04/2025 ás 08h12

Entendamo-nos: a liberdade é necessária, mais bem mais nesses tempos pouquíssimos iluminados,  é  algo mais que indispensável e pode promover muitas idas e vindas ao céu e o inferno. Tal como os leitores também têm a liberdade de descompor um assunto que está a fazer um serviço humanitário. Não adianta ser liberto e não libertar

Eu fiquei feliz, muito feliz quando li a notícia de que a cabeleireira Débora Rodrigues teve sua liberdade de volta, ela está de volta para casa, junto dos filhos e do marido, para cumprir prisão domiciliar, com tornozeleira eletrônica, e uma série de condições como a proibição de usar redes sociais e de dar entrevistas sem autorização do STF.

A suplica dessa mulher, parece ter tatuado na alma brasileira, da gente hospitaleira, de muita gente, gente que queria, independente de partidos, se prantear de que o lugar da Débora era em sua casa. Não precisamos endeusar Débora. Nem sei se ela nasceu em Minas, ou outro lugar, fiquei feliz porque tal como muitos, tenho coração.

Muita gente sabe que eu não morro mais de amores por ninguém e se não sabe, fica sabendo. Depois de certa idade a gente fica mais seletivo, mas a verdade é que a ida dessa mulher para casa, não sei e a culpa vai além do “perdeu, mané” é um ato de justiça, sobretudo, quando assistimos vídeos terriveis  nas redes sociais sobre ela e outros, alvos de autocrítica severa ou ofício de autocelebração. Não, comigo não.

Feliz porque não tem nada fácil  a viver nesse país,  que de uns tempos para cá, o ódio estampou na cara dos bandos e fulanos e se multiplica. Fiquei feliz no sentido, não nessa visão jornalística, mas de saber que as coisas podem e devem melhorar.

Ora, diante do descompasso permanente entre a ideia de “crítica” e a prática do  jornalismo, é inevitável esta conclusão: eu sou contra a crítica perversa, sequer quilômetro zero dessa crítica. Sou contra a chibata mental. Existe isso?

Na decisão, o ministro Alexandre Moraes entendeu que o tempo que ela cumpriu na cadeia e seu comportamento permitiram a remissão de tempo de sua eventual pena. O ministro levou em conta o fato de ela já estar há mais de dois anos presa, de ter apresentado bom comportamento na cadeia, ter trabalhado e ter sido aprovada no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) neste período. Puxa vida! Aprovada no Enem é demais…

A decisão cita a carta de Débora pedindo desculpas. Avaliando  isso, o magistrado decidiu que ela poderia ir para o regime semiaberto. Nessa agonia toda, certamente, deve ter sido uma pletora de alegria estar em casa e  poder acompanhar a vida dos filhos, nem sei quantos, nem os nomes.

Débora em parte contínua atada, não pode dar entrevistas sem autorização do Supremo, nem pode usar a rede social. A cabeleireira ainda sabe cortar cabelo? Claro que sim. Em outros tempos mais bárbaros, teria sido queimada na fogueira. Paz para ela. E juízo.

Débora deixou de ser o osso das evidências. Ailoviu, Débora!

Kapetadas

1- Um benefício adicional ao planeta a noite traz: bilhões de pessoas de boca calada.

2 – Os impontuais sempre põem a culpa no relógio. É o seu mecanismo de defesa.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB