João Pessoa, 10 de abril de 2025 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Sempre gostei de futebol. Até arrisquei jogar, além das peladas no meio da rua, andei pelas quadras de Futebol de Salão e alguns poucos gramados. Faço parte de uma geração privilegiada que viu Pelé jogar , ao vivo, na Copa de 1970, e nos jogos transmitidos do Santos FC. Aquela Seleção era luxo. Além do Rei, tinha Tostão, Rivelino, Gérson, Jairzinho (o único jogador da História a marcar gol em todos os jogos de uma Copa do Mundo). Está explicado, portanto, o meu alto padrão de exigência nessa matéria. Cresci vendo o melhor.
Tostão, aliás, foi quem me fez decidir a torcer pelo Vasco da Gama. Na época da Copa de 70 , era atacante do Cruzeiro MG , mas, em seguida, transferiu-se para o Vasco. A profunda admiração que nutro até hoje por esse jogador ímpar, inteligente, habilidoso e combativo, pesou nessa decisão.
Essa questão torcer por um time do Rio de Janeiro, que existe nos amantes de futebol da minha geração, se deve, acredito, ao fato de , na nossa infância, só passavam na TV Tupi, ao menos na repetidora local, jogos com esses times. Então, todo mundo torcia por Vasco, Botafogo, Fluminense, e aquele outro cujo nome não lembro agora.
Hoje, entretanto, sexagenário, já não me empolgo tanto com o jogo. Em parte, pela lastimável performance do Gigante da Colina nas últimas décadas. Faz tempo que São Januário não apresenta um time decente, que passe segurança ao torcedor. Minhas filhas, obviamente vascaínas, me culpam sempre por fazê-las sofrer: vários rebaixamentos para a Série B, anos e anos sem ganhar um título importante – o último foi a Copa do Brasil em 2011, escapando por pouco de mais rebaixamentos, etc. Longe vão os tempos de Roberto Dinamite, Romário e tantos outros. Vida de vascaíno não é fácil.
Em se tratando de Seleção Brasileira, a situação também não é boa. Que dificuldade é essa? Cresci vendo a Seleção enfiar 6 x 0 , 5 x 0 , em Bolívia, Equador, Chile , Peru , Venezuela , e demais “hermanos”. Mesmo os adversários que sempre foram difíceis: Argentina, Uruguai e Paraguai, raramente conseguiam jogar de igual para igual. Em regra, perdiam o jogo. Aqui e acolá, para não ficar sem graça, ganhavam um. Mas, era realmente exceção.
A simplória explicação de que “não tem mais ninguém bobo no futebol” , não convence. Ora, então, só eles evoluem? Nós, outrora os melhores do mundo, não conseguimos sair do canto? Ficamos estáticos e os demais avançam? Não me parece que seja assim.
Vejo um grande descompromisso. Outro dia, após mais uma dessas derrotas , agora corriqueiras, um dos novos “craques” disse que não teriam nem a obrigação de estar ali, jogando pelo país, pois, haviam acabado a Champions League há pouco . Isso mesmo, para o jovem jogador, a Seleção é uma bobagem, algo secundário, para se jogar nas horas vagas, se não tiver nada mais importante para fazer.
Há outras questões, como a transitoriedade dos jogadores. Antes se sabia qual era a seleção, por anos a fio. Uma ou outra mudança, geralmente provocada pelo avançar da idade dos atletas. Havia, portanto, uma base sólida. Não vou nem falar na qualidade técnica. É covardia, não farei isso.
Continuo torcendo pelo Vasco e pela Seleção Brasileira, mas, aquela alegria de outrora se foi.
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