João Pessoa, 23 de abril de 2025 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Dados novos do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, ferramenta do Ministério Público do Trabalho (MPT) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT) revelam um quadro alarmante: acidentes de trabalho na Paraíba aumentaram 60%. Em 2022, foram registrados 4.066 acidentes de trabalho graves no Estado e, em 2024, esse número passou para 6.490 notificações relacionadas ao trabalho no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN/MS). Considerando esses dados do ano passado, 18 trabalhadores se acidentam gravemente, por dia, na Paraíba.
Dos 6.490 acidentes de trabalho graves registrados na Paraíba em 2024, 2.334 foram na Capital João Pessoa e 1.633 em Campina Grande, segundo o Observatório de SST (https://smartlabbr.org/sst/). Para discutir sobre a prevenção de acidentes e adoecimentos relacionados ao trabalho, uma audiência pública será realizada na próxima quinta-feira (24), a partir das 8h, no MPT em Campina Grande, em parceria com o Centro de Referência Regional em Saúde do Trabalhador (Cerest-CG).
Ainda dentro da programação do Abril Verde 2025 – Campanha de conscientização sobre saúde e segurança no trabalho – o MPT, em parceria com a Gerência de Serviços Especializados em Saúde do Trabalhador de Campina Grande e municípios parceiros realizarão dois projetos pioneiros: o ‘Cinema Verde’ na cidade de Cabaceiras (conhecida como a ‘Roliúde Nordestina’) nesta quarta-feira (23), a partir das 17h; e a ‘1ª Cavalgada Verde’, em Boa Vista, no próximo domingo (27), a partir das 8h, este último voltado aos trabalhadores do campo.
“Em um Estado como o nosso, com uma baixa densidade demográfica é um número altíssimo: 18 paraibanos que se acidentam por dia. Sem falar que esses são dados oficiais somente de trabalhadores com carteira assinada. Temos que observar que muitos trabalhadores informais não entram nessas estatísticas. Então, esses dados por mais que sejam estarrecedores, ‘dados de guerra’, ainda são subnotificados. O número real de acidentes e adoecimentos é muito maior”, alertou o procurador do Trabalho Raulino Maracajá.
“Essa realidade é preocupante e requer dos órgãos de fiscalização, da sociedade civil, de empregados e empregadores fomentar cada vez mais a cultura da prevenção. Temos que chegar antes que o acidente aconteça ou que o adoecimento do trabalhador ocorra. A prevenção é extremamente necessária. Estimular a prevenção não é custo para a empresa, mas sim um investimento. Quando se faz prevenção, é possível reduzir os afastamentos e aumentar a produtividade, pois os trabalhadores irão produzir mais”, acrescentou Maracajá.
O Abril Verde 2025 – campanha nacional de conscientização e prevenção de acidentes e adoecimentos relacionados ao trabalho – traz como tema “Futuro sustentável no trabalho e no clima” e aborda como as mudanças climáticas afetam trabalhadores e a necessidade de fazer adaptações nas rotinas de trabalho para garantir a proteção de profissionais.
Afastamentos por transtornos mentais aumentam 109% na Paraíba
Os novos dados do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, divulgados na semana passada, apontam que os afastamentos por problemas de saúde mental aumentaram 109% na Paraíba, nos últimos dois anos. As informações se baseiam em registros de acidentes do trabalho do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Em 2022, foram concedidos na Paraíba 2.304 benefícios previdenciários associados à saúde mental (acidentários e comuns) e, em 2024, esse número aumentou para 4.820.
Entre os casos, destacam-se afastamentos acidentários por reações ao estresse (38,4%), ansiedade (31%), episódios depressivos (19,7%) e depressão recorrente (4,83%). Quanto aos afastamentos em geral, destacam-se como predominantes a ansiedade (36,4%), os episódios depressivos (26,3%) e a depressão recorrente (9,56%).
“É importante lembrar que esses são dados registrados. Ainda existe uma grande quantidade de acidentes e doenças ocupacionais que ainda não são notificados, o que só aumenta a preocupação do MPT em relação a essa questão”, enfatizou o procurador do Trabalho Marcos Antonio Ferreira Almeida, coordenador Regional da Codemat/MPT (Coordenadoria Nacional de Defesa do Meio Ambiente do Trabalho).
“Não há como falar de saúde e segurança do trabalho se a gente não tiver um olhar atento aos riscos psicossociais relacionados ao trabalho. E de toda essa legião de trabalhadores adoecidos que, em virtude da organização do trabalho, da cobrança de metas abusivas e de toda uma sistemática hostil a um trabalho verdadeiramente hígido, acabam padecendo de transtornos e doenças de natureza mental”, ressaltou o procurador Marcos Almeida.
MaisPB
VOTO DO RELATOR - 23/04/2025