João Pessoa, 10 de fevereiro de 2015 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Pela experiência acumulada em gestão pública, o prefeito em exercício Nonato Bandeira sabe, perfeitamente, que a interinidade no cargo, confiada pelo prefeito Luciano Cartaxo, lhe permite muito pouco, ou quase nada, para sermos bem práticos. Na verdade, vale mais pela liturgia do que pelos resultados.
Mesmo assim, Bandeira arranjou um jeito de fazer a passagem pelo posto ir além da representação e simbologia, apenas. Nonato elaborou um calendário de visitas a obras, equipamentos e espaços públicos para sentir de perto as ações em curso da edilidade e eventuais deficiências.
Desse cronograma, traçará um relatório oficial ao prefeito Luciano Cartaxo do que viu e ouviu e apresentará sugestões. Será sua forma, também, de prestar contas dos dias na cadeira. Cumpre seu papel em duas frentes: colabora com o titular e mostra serviço, de alguma maneira. Ou da forma possível.
Nessas duas semanas, Nonato terá tempo de exercitar sua habilidade na política. Deu pra sentir ontem em entrevista ao Correio Debate (rádio). Retribuirá o gesto político de Cartaxo com defesa, ainda que comedida, da gestão, e evitando os temas dos desgastes acumulados entre os dois em recente passado.
Driblará zonas de conflito e não aproveitará a natural exposição para lançar artilharia contra seu mais emblemático adversário, o governador Ricardo Coutinho. Percorrerá esses 15 dias pelo caminho da discrição e ponderação, sem se comprometer e sem fechar portas, irrevogavelmente, com ninguém.
Gato escaldado de ausência de reciprocidades em 2014, Nonato age serena e cautelosamente. Cumpre seu papel e dever institucional ao mesmo tempo em que aproveita os poucos espaços que lhe são abertos pela conjuntura para mexer peças no nebuloso e imprevisível tabuleiro da sucessão municipal. Ao que parece, Bandeira vê no cenário atual um ambiente propício à observação. Por enquanto, só demonstra uma certeza: não tem pressa para 2016.
*Reprodução do Jornal Correio da Paraíba.
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OPINIÃO - 22/11/2024