João Pessoa, 16 de fevereiro de 2015 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Pelo o que se apresenta, fica difícil o eleitor levar a sério as ameaças e promessas de reforma política no Brasil. Acossados pela pressão da opinião pública, lideranças nacionais e congressistas se apressam em dar uma resposta à sociedade. E ao que tudo indica, ela virá bem naquele estilo político brasileiro: “meia sola”.
Mas por que a descrença numa reforma que represente minimamente os anseios dos brasileiros e as necessidades de novo sistema político? Sinceramente, não dá mesmo pra botar um caroço de fé no que sairá dela, quando assistimos mais seis novos partidos em fase de criação num Brasil que já supera a casa das 30 legendas.
Entre aqueles em vias de gestação, o tal PL, prestes a ser ressuscitado pelo ministro Gilberto Kassab, que já criou recentemente o seu PSD. Se naquela época o governo estimulou o PSD para arrancar parlamentares de PSDB e DEM, agora o movimento se repete com os mesmos propósitos, nada salutares.
Dessa vez, a operação recebe o endosso e o maior estímulo do mundo do governo, interessado em fazer do PL uma via de transfusão para tirar sangue do PMDB, um aliado e mal necessário para a famosa e perniciosa governabilidade, mas na prática um calo muito incômodo no sapato do Planalto.
Se de um lado o governo joga contra um processo tão esperado e pregado pela sociedade, do outro quem poderia liderar o discurso contra esse status quo não faz muito diferente. Há anos, a ex-ministra Marina Silva trabalha para criar um partido para chamar de seu, a Rede. Ao invés de novo espaço para suas idéias, Marina poderia muito bem estar pregando um novo modelo. Isso sim teria mais ‘sustentabilidade’.
Com governo e oposição jogando o mesmo jogo nos bastidores, porém fazendo cena publicamente pelas mudanças e moralização no sistema, o que esperar do que o Congresso tenta ensaiar a título apenas de lenitivo para se livrar do peso das cobranças? No máximo, um arremedo de reforma. Ou, como se diz lá em minha Marizópolis, um “cala boca”.
*Reprodução do Jornal Correio da Paraíba.
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OPINIÃO - 22/11/2024