João Pessoa, 17 de fevereiro de 2015 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Otávio Ribeiro, de 34 anos, usava as redes sociais para fazer novos contatos profissionais e manter a ligação com antigos colegas, mas, em 2012, descobriu que sua presença na web poderia render muito mais: mesmo sem estar procurando um trabalho novo, recebeu um convite pela internet.
“Todo o contato inicial foi feito pela internet e busquei informações da empresa em seu próprio site e também com pessoas que trabalhavam lá”, conta Ribeiro. “O mais interessante é que você está colocado no mercado por meio do seu perfil profissional e, mesmo quando não está procurando pode ser ‘achado’ e ter uma boa oportunidade”, ressalta Ribeiro, que atualmente é gerente de mercado e planejamento estratégico da Fiap e foi encontrado no LinkedIn.
Além do LinkedIn, o Facebook e o Twitter são utilizados pelas companhias para recrutamento. Na Fiap (Faculdade de Informática e Administração Paulista), o Twitter é utilizado para acionar rapidamente o profissional, e, no Facebook, é feita a divulgação da vaga em grupos.
“Quanto maior o engajamento, maior a possibilidade de atrair talentos”, afirma Guilherme Estêvão, gerente de RH da faculdade. Segundo ele, cerca de 200 contratações foram contratados desde o segundo semestre de 2008, quando a instituição começou a utilizar as ferramentas.
Também contratada pelas redes sociais, Valéria Vilalobo, de 34 anos, criou seu perfil profissional há 5 anos por influência de amigos, mas não acreditava que fosse ter resultados. “Estou no mercado de telecom há 12 anos e sempre acreditei muito mais no poder da indicação do que alguém me buscando em uma rede social”, conta.
Ela foi encontrada e contratada como gerente de planejamento financeiro da Nextel. “Quando encontraram o meu currículo, ele estava desatualizado havia 1 ano e meio. Fiquei surpresa por ter sido achada”, reconhece. “Agora presto mais atenção e procuro atualizar com mais frequência.”
Para Valéria, a principal medida para ser visto pelas empresas é manter atualizadas as informações profissionais. “Quem está buscando uma recolocação precisa ter um cuidado redobrado com isso”, ressalta. Ela tambem lembra que é importante ter bom senso na hora de descrever as realizações e colocar informações coerentes com que o já foi feito pelo profissional.
1.600 contratados via web
A Nextel utiliza o Facebook para divulgar oportunidades de emprego abertas, além de um site de vagas. Segundo, João Petronilho, coordenador de recursos humanos da empresa, mais de 1,6 mil profissionais foram contratados por meio da internet desde 2011, quando a companhia passou a recrutar pela web.
“Temos uma média de oportunidades alta por mês e não dá para trabalhar com currículo de papel. Na internet é possível filtrar melhor e fazer pesquisas mais focadas em determinados perfis profissionais, além de encontrar aqueles que não estão procurando emprego”, ressalta.
Veja 10 dicas: | |
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1) Formato: Texto deve ser escrito em blocos, com indicadores visuais ou textuais | |
2) Foto: Na web é uma boa aliada para facilitar a identificação do profissional | |
3) Resultados: Exemplo do trabalho ou um resultado expressivo podem ser publicados na web | |
4) Jargões: Devem ser evitados, já que muitas vezes eles não dizem nada sobre o candidato | |
5) Vocabulário: Para ser ‘encontrado’, o profissional pode utilizar palavras da sua área de atuação | |
6) Qualificações: As informações podem estar no início do perfil para aumentar a visibilidade | |
7) Objetividade: Descrições genéricas não ajudam o recrutador a entender o profissional | |
8) Atualização: Dados de contato, experiência e cursos devem estar sempre em dia | |
9) Resumo: Uma breve descrição da trajetória profissional no início do perfil ajuda a ser visto | |
10) Português: Como no currículo, erros não são permitidos |
A Natura utiliza somente o LinkedIn, mas faz planos para atuar em outras redes. “Para os próximos anos desejamos ampliar nossa atuação para as demais redes sociais”, diz Rafael Brazão, gerente de RH da Natura. Desde julho de 2012, foram mais de 200 contratações.
Posts nas redes sociais
Com o mundo cada vez mais conectado, tudo o que o profissional posta fica visível para o possível empregador. E algumas empresas consultam essas publicações para avaliar o perfil do candidato.
“Certamente os perfis mostram bastante sobre uma pessoa, dependendo da assiduidade. É uma questão interna que deve ser alinhada entre gestão de pessoas e principais gestores. Se o elevador da sua empresa deu defeito, você não vai fazer check-in tirando uma foto da situação e postar em três perfis simultaneamente, vai? Se você fez isso em outra empresa, fará na nossa”, ressalta Estevão, da Fiap.
Segundo Petronilho, da Nextel, o Facebook é consultado para que a empresa tenha mais referências do candidato. “Essas fontes servem como consulta, mas são apenas parte de várias avaliações realizadas pela equipe de atração de talentos”, diz.
“Devemos ter bom senso em tudo o que postamos ou pesquisamos nas redes sociais. Por outro lado, ao utilizarmos bem as informações obtidas conseguimos nos aproximar dos profissionais, pelos gostos pessoais, time de coração, afinidade com atividades físicas, filmes, entre outros”, completa Estevão.
Os contratados pela web também acreditam que suas postagens servem como ferramenta de avaliação para os recrutadores. “Elas podem evidenciar perfis e personalidades das pessoas, ajudando as empresas a avaliar se determinado candidato se adapta ao ambiente de trabalho ou até como ele reagira em situações de estresse e conflitos”, afirma Valéria.
Fuja dos erros
Como nos currículos em papel, é preciso ter cuidado para apresentar um perfil profissional atrativo para as empresas.
Manter um perfil atualizado e objetivo são as primeiras medidas. “Isso ajuda os recrutadores a ter um panorama real e sobre o candidato”, afirma Brazão, da Natura. Usar um vocabulário da área de atuação e ter um bom resumo das qualificações também ajudam a ser ‘encontrado’ com mais facilidade.
Usar chavões, não apresentar resultados e mentir sobre habilidades ou cursos estão entre os principais erros. “O currículo na internet ou perfil deve mostrar o que ele realmente pode fazer”, diz Petronilho.
OPINIÃO - 22/11/2024