João Pessoa, 18 de agosto de 2011 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Num cabo de guerra, um lado só vence quando o outro perde as forças. No caso da permuta do terreno da Acadepol, nenhum dos contendores quer ceder. Resultado: a corda continua esticada e a Assembléia não consegue uma solução para o impasse.
A Oposição não teve votos suficientes para emplacar as emendas do deputado Gervásio Filho, em favor da tese da licitação do terreno, mas também não tem bancada suficiente para derrotar o projeto original do Governo.
Os governistas são maioria, porém a superioridade não deu cabedal para que os aliados do governador resolvessem de vez a parada, sem necessidade de esperar pelo bom senso ou complacência dos sagazes opositores.
Até aqui, a Oposição cumpriu seu papel. Não assinou um cheque em branco para o governador e dilatou os debates. Agora, com os laudos em mãos já não tem mais discurso para fazer novas imposições. Não há mais dúvidas. Ou vota a favor ou contra.
Já o Governo deveria acatar pelo menos a inclusão da construção do shopping em um dos artigos do projeto. Seria um gesto que deixaria apenas a Oposição com o ônus do entrave dessa operação, em vias de enfadar a opinião pública.
Antes do fim, a contenda deixa uma escancarada impressão. Para o Governo, o terreno tem que ser repassado a Roberto Santiago. E para a Oposição, a Acadepol pode ser de qualquer um, menos do dono do Manaíra Shopping. Eis o retrato. Nu e cru.
Paroquial –
Enquanto as partes não se entendem, a Paraíba é obrigada a continuar assistindo passivamente essa peleja, de viés muito mais político que administrativo.
Rabeira –
Nem parece que temos 36% de mortalidade infantil, que ostentamos a 3ª colocação no ranking do analfabetismo e que estamos na 24ª posição do PIB per capita.
Oco do mundo –
Aqui, deputados se digladiam para emperrar ou apressar a viabilização de um novo shopping center, numa região carente. Enquanto isso, Pernambuco segue unido à cata de investimentos públicos e privados. Depois, ainda há quem venha com o falso pesar de que somos “quintal”. Ao invés de invejar, deveríamos nos espelhar.
Lá a “guerra” é outra – No mês passado, os pernambucanos também brigaram. A briga foi entre os deputados com base em Cabo de Santo Agostinho e Goiana. Os parlamentares se entrincheiram na defesa da instalação da Fiat nos seus municípios de atuação. Bem diferente da gente.
A diferença é a visão –
Em Pernambuco, o Governo patrocinou terreno de 1.200 hectares. Se a Fiat tivesse ido para Cabo, os cofres pernambucanos já tinham reservado R$ 200 milhões para terraplanagem da área onde a fábrica seria erguida. Se fosse aqui, seria um escândalo.
Enquete –
Quem assistiu a TV Assembléia viu: Alguns deputados da Oposição saíram do plenário dando gargalhadas. Rindo do Governo, de Santiago ou do povo?
Pressão –
O clima azedou depois da saída em bloco da Oposição. Expectadores das galerias foram à garagem da Assembléia. Teve carro de deputado que saiu avariado.
Frustrado –
O líder do Governo, Hervázio Bezerra, desabafou, após o boicote da Oposição. “Foi uma falta de respeito não ao Governo, mas ao povo da Paraíba”.
Pé no bucho –
A deputada Olenka Maranhão (PMDB) avisou que a Oposição só vota no projeto se o Governo acatar a licitação da Acadepol e a desapropriação do Geisel.
Inadiável? –
Um dos faltosos na sessão, o deputado Genival Matias (PT do B) estava a negócios em Brasília. Jura que comunicou ao líder Hervázio, previamente.
Noutro jardim –
Já o deputado Frei Anastácio informou, por meio de sua assessoria, que trocou o debate da permuta girassol pela 4ª Marcha das Margaridas em Brasília.
Grande ideia –
Santino, o simpático anãozinho de João Pessoa, já tem slogan pronto para campanha de vereador: “Dos males, o menor”. Pode virar um gigante nas urnas.
Tira-gosto –
Um jantar com o ex-governador Maranhão saciou a fome do deputado Manoel Júnior de trocar o PMDB pelo PSC. O prato prometido acalmou Manoel.
Gol –
Entre 200 deputados federais, o paraibano Wilson Filho (PMDB) saiu da reunião da Frente Parlamentar Mista do Esporte como o secretário do bloco.
Senha –
O deputado Caio Roberto (PR) sugeriu ontem uma nova espécie de permuta. “Eu ajudo na Assembléia, se o Governo me ajudar com os meus pleitos”.
PINGO QUENTE – “Ué, cadê eles”? Indagação do deputado João Gonçalves (PSDB), surpreso ao ver as cadeiras da Oposição vazias na hora da votação da permuta da Acadepol.
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