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Jornalista desde 2007 pela UFPB. Filho de Marizópolis, Sertão da Paraíba. Colunista, apresentador de rádio e TV. Contato com a Coluna: [email protected]

A Paraíba na CPI

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publicado em 01/03/2015 ás 12h31
atualizado em 01/03/2015 ás 12h33

Pouca gente da política brasileira gostaria de estar na pele do deputado federal paraibano Hugo Motta, presidente da CPI da Petrobrás. Não por acaso, muitos peemedebistas taludos da cena nacional fugiram da missão como o diabo da cruz. Também, convenhamos, comandar essa comissão no delicado momento da vida pública brasileira não é nenhum presente.

O paraibano de segundo mandato topou. Na juventude dos seus 26 anos, o rapaz teve coragem de veterano, porque mesmo a curta vivência na política em Brasília é suficiente para dimensionar o risco da função. Hugo não fugiu e nem se assombrou. Tomou sobre seus ombros o peso da atribuição.

Tem se saído bem nas entrevistas e questionamentos da imprensa nacional, até no caso do recebimento de recursos de campanha de empresas citadas na operação Lava Jato. Age com serenidade e transmite credibilidade no trato das questões da órbita da mega investigação cujo desfecho implica o futuro de Dilma e da Nação.

Hugo, porém, só cumprirá bem essa função se cercar-se de toda a previdência possível, redobrar a disposição de trabalho e garantir para si próprio o mínimo de independência e autonomia na condução da explosiva CPI, alvo dos olhares da política nacional, da economia e da mídia.

Sendo deputado da base do governo, estará exposto às mais fortes e tentadoras pressões de um lado e as suspeitas da parte da oposição, que tem no desfecho da investigação seu principal trunfo e expectativa para, quem sabe, tentar argumento jurídico e político para encampar o afastamento da presidente.

Num cenário em que o PT busca desqualificar o conteúdo da bandalheira descoberta na Petrobrás, que a oposição tenta antecipar os fatos na ânsia de derrubar o governo e que o cidadão demonstra o esgotamento da tolerância com a corrupção, nunca o Brasil precisou tanto de altivez e equilíbrio na condução desse trabalho. Agir como magistrado, eis o desafio de um político. Eis a obrigação de Hugo Motta agora.

Entrevista…

A seguir, trechos de conversa concedida ao colunista pelo deputado paraibano. Após dias agitados, ele está na Paraíba e fica em João Pessoa neste fim de semana.

…Exclusiva

Diante de um momento tão delicado da vida pública brasileira, o que o levou a aceitar essa missão, sabendo que a função implica exposição demasiada aos ataques e críticas?

Hugo e a resposta

“O compromisso com a apuração dos fatos, depois a minha experiência à frente da Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara. Também não tenho nada a temer em relação à busca de informações de minha vida e trajetória”, respondeu Motta para a primeira pergunta formulada na entrevista.

Ligações

Hugo foi questionado, também, sobre sua filiação a um partido da base do governo. Como garantir um resultado imparcial diante dessa circunstância política?

Colete de…

“Se mostrar imune, caso haja interferências, durante a execução dos trabalhos, tomar atitudes transparentes e colocar a CPI para funcionar na essência da palavra…”.

…Blindagem

“… Eu serei um magistrado à frente dos trabalhos. Usarei o Regimento Interno como meu norteador e meu escudo para embasar as minhas decisões”, completou.

Moral

O fato de sua campanha ter sido beneficiada com doações de empresas citadas na Lava-Jato não tira sua autoridade ética no comando das investigações na Comissão?

Distanciamento

“Não. Recebi recursos do PMDB a nível estadual e nacional, não respondo por captação de recursos, não conheço empreiteiros envolvidos, empresas e seus representantes”.

Modelo

A propósito, essa situação remete ao debate do financiamento das campanhas. Do jeito que está, o sistema parece ter chegado à falência. O que pensas sobre esse quadro?

Reformulação

“Penso que precisamos evoluir sobre este assunto na Reforma Política que está sendo discutida na Casa para que tenhamos eleições mais limpas a cada dia”, advoga.

 

Imaturidade

Sentes algum tipo de preconceito da mídia e dos colegas pela sua juventude, ocupando uma missão tão complicada. Como tem encarado esses questionamentos?

Preparado

“Não diria preconceito. Falta conhecimento do nosso trabalho. Encaro com naturalidade e espero com o trabalho mostrar que estamos prontos para cumprir essa missão”.

Bomba chiando

Na conversa com a Coluna, Motta não se furta expor suas impressões iniciais do escândalo. “Existem muitos fatos concretos da investigação da PF e do MP”, crava.

PINGO QUENTE

“O tempo dirá”.

Do deputado Hugo Motta (PMDB), inquirido sobre o debate em torno da tese de impeachment da presidente Dilma Roussef.

*Reprodução do Jornal Correio da Paraíba.

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