João Pessoa, 04 de março de 2015 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Vivendo em céu azul por dois anos, o prefeito Luciano Cartaxo deve se preparar para enfrentar tempestades. O recado ontem da Câmara Municipal foi claro. Acabou a trégua e a gestão municipal passará a conviver com um Legislativo menos agachado ao Executivo, postura predominante nesses 24 meses de governo.
Por trás da convocação da secretária de Educação, Edilma Ferreira, o aviso sutil. A ‘intimação’ jamais seria possível apenas pelo esforço do vereador Raoni Mendes, voz praticamente isolada na oposição. Para lograr êxito, contou com o aval e referendo dos parlamentares governistas.
E a base aliada do prefeito não endossaria um requerimento logo de Raoni, desafeto político de Cartaxo, se não fosse para extravasar uma insatisfação latente dos bastidores. Ainda mais quando o requerimento levanta, nas entrelinhas, suspeitas de irregularidades em gastos na Educação.
Quando comparecer à Câmara, a secretária ficará exposta a toda sorte de questionamentos dos vereadores. Aliás, nesse caso, a gestão do prefeito sai da zona de proteção e vai direto ao paredão. Mesmo que nada tenha a temer, viverá um dia de exposição negativa, coisa que a imagem de Cartaxo ainda não experimentou.
A característica de motim está cristalina. Dos seis vereadores contrários à convocação, três são suplentes, ou seja, precisam da articulação governista para sobrevivência na Casa. Os demais, quase todos, fizeram côro à sugestão de Raoni. Ainda por cima, o líder do governo nem apareceu na sessão.
O núcleo político do prefeito não tem dúvidas das motivações. A origem estaria no corte de espaços na administração. Constatação, porém, difícil de assumir publicamente. Por uma razão: acusar os vereadores de retaliação é, também, admitir excessos patrocinados pelo próprio governo para garantir maioria política. Uma confissão de culpa. O que seria pouco inteligente.
Previsão de…
Os trovões para cima de Cartaxo tendem a aumentar à medida da aproximação do ano eleitoral e da consolidação da inevitável decisão do PSB entrar na disputa em 2016.
…Nuvens
Até aqui, Luciano estava imune aos dissabores políticos pela ausência de perspectiva de enfrentamento à altura. Com o PSB, do governador, na parada, a coisa muda de figura.
Diplomacia na crise
Experiente, o secretário de Articulação, Adalberto Fulgêncio (PT), foge do confronto com a Câmara. Indagado sobre a saia justa da convocação, optou pelo caminho diplomático. Tratou a ‘intimação’ como algo normal, falando em respeito à autonomia do Legislativo e ressaltando a boa convivência com os vereadores.
Faz falta
De atestado médico, o vereador Bira Pereira, qualificado quadro do PT, é ausência muito sentida na bancada em defesa da gestão petista na Câmara da Capital.
Homilia
O deputado Frei Anastácio (PT) está orando pelo despertar do seu partido. Para o frade, Cartaxo só se reelege se conseguir juntar os cacos do PT. “Está esfacelado”, adverte.
Antídoto
“Não vamos deixar criar uma cortina de fumaça pra não investigar”, advertiu o presidente da CPI da Petrobrás, Hugo Mota, sobre a tese de golpe, do governo.
Dor de cabeça
Hugo oficializou a criação de quatro sub-relatorias, com direito a indicação da oposição. Na prática, tira o sono do governo, que tem o escudo do relator Luiz Sérgio (PT).
Limbo
“Se o regime fosse parlamentarista, o governo já tinha caído, porque perdeu a confiança”. Frase do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).
Trisca
No debate com o colega Benílton Lucena (PT) sobre o transporte público, o vereador João Almeida (SDD) tascou: “O senhor nunca votou contra esses empresários”.
Acordo
Os líderes, Hervázio Bezerra (PSB), do governo, e Renato Gadelha (PSC), da oposição, caminham para o consenso na convocação do secretário de Segurança, Cláudio Lima.
Desenterrando
Dois pernambucanos mortos, Eduardo Campos e Sérgio Guerra, foram acusados pelo doleiro Alberto Youssef de receber propinas das obras da refinaria de Abreu e Lima.
Paternidade
Os socialistas Ricardo Barbosa e Jeová Campos disputam a autoria da idéia da Frente Parlamentar da Água. Barbosa jura que levantou o tema. Jeová surfa na correnteza.
Assembleia
Diretores da Associação Paraibana de Licenciatura Plena começaram a percorrer escolas. Os professores se mobilizam para a paralisação estadual, dia 31 deste mês.
PINGO QUENTE
“É uma obra casca de ovo”.
Da reitora Margareth Formiga sobre o Centro de Convenções da UFPB, obra restrita à embalagem, mas sem gema, ou conteúdo interno.
*Reprodução do Jornal Correio da Paraíba.
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OPINIÃO - 22/11/2024