João Pessoa, 10 de março de 2015 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Que me perdoem os céticos admiradores, mas Dilma está completamente deslocada da realidade. A solidão do poder tem lhe feito muito mal e lhe distanciado do mínimo de senso, ou de bom senso. O seu pronunciamento em rede nacional matou as últimas esperanças de quem ainda cogitava algum lampejo de racionalidade da nossa presidente, ou presidenta, como ela gosta de ser tratada.
Nem o teleprompter de João Santana salvou nossa digníssima autoridade, mal acostuma a só juntar frases com alguma lógica quando é socorrida pelo recurso eletrônico. O texto do publicitário – o cérebro vivo do Governo – beirou ao deboche. Parece ter sido feito sob encomenda para ser lido do alto de um trono com súditos embaixo prontos para engolir o que fosse despejado.
O apelo à Nação foi patético. O brasileiro já faz sacrifícios diários para sustentar o Estado e em contrapartida recebe serviços públicos aviltantes, saúde criminosa e educação humilhante. Enfrenta um calvário permanente e carrega no cotidiano a cruz de sustentar governos tão incompetentes, quando não perdulários.
Mais deprimente foi assistir a presidente admitir a crise, mesmo falsamente jogando a culpa na conjuntura internacional, somente no agravamento dela, enquanto o assunto já era tratado faustosamente na campanha e sempre negado, desdenhado e escandalosamente omitido nos debates para se ganhar uma eleição.
Em nenhum momento, Dilma teve a grandeza de reconhecer que o que aí está é resultado dos equívocos de sua gestão, pilotada sob o signo da reeleição ao custo do desajuste das contas e da fragilização de setores estratégicos. Pior, foi ela não se inclinar a nenhum sacrifício próprio de um governo que gasta mal e onera o País bancando estrutura gigante para garantir tempo no guia e perpetuação de um projeto de poder. Um projeto, aliás, que está custando altíssimo ao Brasil. E o povo pagando a conta.
Mundo da… – “Vamos ter um esforço agora para sermos compensados depois”, voltou a apelar ontem a presidente em entrevista à imprensa, defendendo as medidas do seu ajuste fiscal.
…Lua – “Lembrando do pronunciamento de Dilma, até parece que ela é a presidente de Plutão”, atacou o senador Aluysio Nunes (PSDB-SP), criticando o cerne do discurso da petista.
Uma arma silenciosa – Na abertura do Mutirão Processual da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, o desembargador José Ricardo Porto, vice-presidente do TJ, cunhou frase emblemática: “Como instrumento de coação, o medo é muito mais eficaz que o suborno, porque é até mais barato”. Falava da agressão psicológica. Tão nociva quanto a física.
Mão dupla – Na inauguração da estrada de Catolé de Boa Vista, o governador Ricardo aproveitou e pavimentou defesa de Dilma e críticas contra o senador Cássio Cunha Lima (PSDB).
Faça o que digo… – “Tem gente que defende seu mandato, mas não sabe respeitar o dos outros. Vai à tribuna de um parlamento convocar a população a pedir impeachment da presidente…”.
Distinguindo – “…Quem perde o mandato é quem usa o dinheiro público para se eleger e não há provas que a presidente fez isso”, sustentou Ricardo Coutinho, em defesa de Dilma.
Estocada – Na sua fala, Ricardo foi ainda mais longe na provocação ao adversário. “O povo tem memória e sabe que quem deve sair do mandato é quem desvia dinheiro público”.
Abuso – Em sua passagem por Sousa, nesse fim de semana, o senador Cássio Cunha Lima espinafrou Ricardo, a quem acusou de “quebrar” o Estado para vencer o pleito.
Interesse – Poderoso grupo ligado à Fiesp tem mantido contato com o prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues (PSDB). Pauta? Projeto do Complexo Aluízio Campos.
Lupa – Eleito presidente do TCE, Arthur Cunha Lima defendeu “acompanhamento de perto” das obras com o objetivo de “coibir o uso inadequado dos recursos públicos”.
Indisposição – À Coluna, o deputado Manoel Ludgério (PSD) informou: “não tem interesse em integrar a bancada do governo”, independente da rivalidade com Doda de Tião (PTB).
Nome – É Vaninho Aragão (DEM) o vereador da base governista que negocia com PSB para aderir à bancada da oposição em Campina Grande. Só está faltando bater o martelo.
Dilúvio – Ex-prefeito de Itaporanga, Nosman Barreiro (PTdoB) diz que o copo da sua paciência transbordou com o atual, Aldiberg Alves (PTB). Vai enfrentar 2016, com ou sem chuva.
PINGO QUENTE – “A população que bota, pode tirar”. Do presidente da CPI da Petrobrás, Hugo Motta (PMDB), para quem o impeachment está previsto na Constituição e não pode ser descartado.
*Reprodução do Jornal Correio da Paraíba.
* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB
OPINIÃO - 22/11/2024