João Pessoa, 10 de março de 2015 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Eu sei o Dia foi domingo. Pelo menos, era para ser. Na verdade, a impressão que tenho é que o Dia está deixando de ser agora, no mês de março, para acontecer lá pelo segundo semestre. Mais precisamente em outubro. E o Dia? Bom, lá não se fala em dia, fala-se que é o mês inteiro… Vai ver é por isso!
Vai ver também que seja pela cor que atribuíram a ele: rosa. Cor delicada, romântica, singela… feminina!
Já tinha percebido isso ano passado, mas acredito que esse ano ficou ainda mais evidente. O Dia vem perdendo espaço na mídia, no comércio e até nas recordações das pessoas. Ao invés disso, o mês vem ganhando cada vez mais notoriedade. São adesões, campanhas, prédios que mudam de cor, lojas que enfeitam suas vitrines cheias de promoções especiais. Durante o mês todo!
Não que o mês não seja importante. E como é! Importante e relevante, merecendo destaque e adesões dos veículos de comunicação, ações nas escolas, nos locais de trabalho e, principalmente, junto ao sistema de saúde.
Entretanto, acredito que precise ser pelo motivo certo. Pelo motivo próprio que cada um tem. Afinal, mês é mês, Dia é Dia…
Quanto a este, o Dia, comemoro por ver menos apelo comercial. Porém, torço para que seja dado o espaço devido às causas e lutas que o levaram a ser instituído internacionalmente como o Dia!
Contudo, o meu lamento é ver a inversão das coisas, talvez por ter sido percebido que o mês tenha mais apelo para os negócios e seja até mais propício para a propagação de “conceitos femininos”, afinal, é rosa…
O meu lamento é ver que o Outubro Rosa, pensado para ser um período dedicado à difusão de informações preventivas e de ações que possibilitem o diagnóstico e o tratamento do câncer de mama, ser tratado como o mês das mulheres. Mês para lhe render homenagens, mandar flores, comprar-lhes presentes e vender artigos daquela cor.
Mas, na verdade, nós mulheres temos um Dia. E ele não foi criado pensando nisso também. A instituição do 8 de março aconteceu para que, em todo o mundo, tenhamos um dia ‘D’, para lembrarmos nossas conquistas e incentivarmos os debates sobre a busca por uma cidadania cada vez mais equivalente entre homens e mulheres.
É uma data para nos orgulharmos, não pelo motivo simplista do nosso gênero ou pelas características que são atribuídas a ele, mas por reconhecermos avanços e lacunas que ainda precisam ser alcançadas.
O Dia Internacional da Mulher é em março.
Em outubro há uma luta para vencer uma doença que atinge cada vez mais de nós. E que tem cura.
Não deixemos que mudem o foco das coisas. Homenagens nós merecemos receber a qualquer dia do ano. Sem hora ou mês marcado. Mas, que em março nós possamos nos debruçar ainda mais sobre a importância dos nossos direitos e de vivermos em uma sociedade sem machismo, sem violência e opressão. Que a mídia e as instituições promovam o debate sadio sobre o assunto.
E que lá em outubro coloquemos nossas fitas rosas no peito e ocupemos os meios de comunicação para falar sobre o câncer de mama e sobre a importância de termos mais mamógrafos e serviços de saúde de qualidade para salvar vidas.
O que não podemos esquecer é que mês é mês e Dia é Dia.
Que viva o 8 de março. Dia Internacional das Mulheres.
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OPINIÃO - 22/11/2024