João Pessoa, 11 de março de 2015 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Quem passa pela rua e assiste um cano jorrando água limpa sem parar, sente imediatamente um frio na espinha e inevitável lamento. Em qualquer canto do mundo, a cena causa revolta e indignação. Na Paraíba, atingida a níveis calamitosos pela escassez hídrica, o desperdício causa lamento especial.
Assim como a água, o conhecimento também é igualmente precioso. No caso de um Estado pobre e cheio de desafios históricos, como o nosso, nem se fala. Por isso mesmo, não poderíamos nos dar o luxo de dispensar diálogo mais aproximado com a academia, celeiro de cabeças pensantes privilegiadas e de gente apta a formular idéias e usar a produção científica como instrumento de melhorias sociais.
Afora, um caso aqui e outro acolá, as nossas universidades são subutilizadas, pra não dizer relegadas ao esquecimento pelas nossas gestões públicas: do Estado aos municípios. Nem parece que dentro dos seus muros há um saber imensurável plenamente aplicável do lado de fora, mas praticamente inexplorado em seu potencial.
Essa sensação não é isolada. Outro dia, em conversa com o colunista, a reitora da UFPB, Margareth Diniz, concordou com essa impressão de subaproveitamento da universidade na constituição de políticas públicas, a partir de experiências e contribuições das pesquisas e estudos acadêmicos. Se perguntado na mesma questão, o reitor Rangel Júnior, da nossa briosa UEPB, certamente apresentará o mesmo parecer.
Da parte da universidade, há ainda zonas de conforto a serem vencidas e uma autocrítica a ser feita. Cabe a academia o movimento espontâneo de ultrapassagem das suas cercas para o asfalto da realidade de fora, carente do pensamento e da contribuição vital à superação dos nossos preocupantes índices sociais e pífio desenvolvimento econômico. Afinal, o papel da universidade vai muito além da sala de aula.
Enquanto nosso clima nos aconselha ao uso sustentável da água, nosso estágio de desenvolvimento não nos permite racionar conhecimento. Represá-lo é barrar uma fonte que pode ajudar a matar nossa sede de um futuro melhor.
*Reprodução do Jornal Correio da Paraíba.
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OPINIÃO - 22/11/2024