João Pessoa, 21 de março de 2015 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
A inserção nacional do senador Cássio Cunha Lima é irreversível. Pelo posto no Senado de líder do PSDB, exatamente no momento crítico do governo, Cássio passou a se situar no time seleto da política, além do que a capacidade argumentativa na crítica à gestão Dilma tem lhe rendido exposição freqüente na chamada “grande mídia”.
Falta ao senador, porém, um discurso para seu Estado. Competente e convincente na desconstrução do governo petista, o tucano não consegue o mesmo desempenho quando puxa o debate estadual. No máximo, faz um discurso para seus liderados ou para setores recorrentemente em pé de guerra com o governador.
Nas entrevistas, repete as críticas da campanha e não descortina o olhar para o presente ou o futuro. Mantém-se preso a tônica do embate finalizado em outubro passado, que pouco, ou nada, pode trazer de benefício à Paraíba. Involuntariamente, pode estar passando uma imagem de ranço e inconformismo com o saldo das urnas.
Falta, quem sabe, abraçar uma causa que os paraibanos e seus seguidores possam acompanhar sua atuação e os resultados de seu empenho e luta. Não é tarefa fácil, em sendo oposição, mas até essa condição lhe dá a liberdade suficiente para fazer cobranças de ações estruturantes devidas pelo governo federal.
O mandato de Cássio carece de uma bandeira genuinamente paraibana para erguer no Planalto e com ela fazer seus conterrâneos enxergarem uma representação antenada não só com os importantes fatos da política nacional, mas com as agruras, os desafios e as fragilidades do Estado, que são muitas.
Conciliar as duas missões, a delegada pelo partido em nível nacional e a outorgada pelo povo da Paraíba, exige muito do mental e do físico, embora sabendo que talento e experiência não lhe faltam. Esse desafio, entretanto, está posto no caminho de Cássio. E a forma como ele vai ser encarado terá inevitáveis reflexos em 2018.
Carga… – “Eu não consigo fazer tudo sozinho”, desabafou Cássio, em entrevista, ontem, ao Correio Debate (Correio Sat), admitindo a dificuldade de dar conta das duas missões.
…Pesada – O mergulho no trabalho das comissões, e agora nas CPIS, somado a atividade cotidiana no Senado sobrecarregam. Ele admitiu stress e até “dois dias de febre” semana passada.
TRE no alvo – Cássio disse esperar que “não haja procrastinação” no julgamento das ações impetradas pela sua coligação e pelo MPE nas últimas eleições. Cunha Lima surpreendeu: colocou sob suspeita a nomeação de João Alves Júnior, filho do presidente do TRE, João Alves, na Procuradoria da Assembleia. “Causa estranheza”, sugeriu.
Chico e Francisco – Ante a suspeição levantada pelo tucano, há de se perguntar: a regra vale também para o Tribunal de Contas do Estado, para onde o senador nomeou parentes e ex-aliados?
Intocável – Em passagem pela Paraíba ontem, o ministro Gilberto Kassab descartou cortes no programa Minha Casa, Minha Vida, um dos mais fortes trunfos de Dilma.
Discurso e… – “Vamos levar adiante esse programa e deveremos atingir esse objetivo (chegar a 6 milhões de unidades habitacionais e 25 milhões de pessoas)”, asseverou Kassab.
…Realidade – Em que pese a afirmativa, o próprio prefeito Luciano Cartaxo, do PT, relatou na reunião com o ministro atrasos nos repasses federais para construção de casas em João Pessoa.
Protestos – Sobre a crise, Kassab se esquivou de falar “como ministro”. “Como cidadão, eu vejo que as manifestações são pacíficas e mostram a consolidação da nossa democracia”.
Sequelas – Rompido com Ricardo, o deputado Rômulo Gouveia, cicerone de Kassab, optou por não acompanhá-lo na audiência com o governador no Palácio. Preferiu evitar o reencontro.
Expressão – Na agenda em Campina Grande, ao lado de Kassab, presidente do PSD, partido para o qual foi convidado à filiação, o prefeito Romero Rodrigues (PSDB) era só sorrisos.
Ao largo – “Nós não vamos antecipar as eleições, por mais que alguns queiram”. Do prefeito Luciano Cartaxo (PT) sobre as críticas de socialistas à sua gestão na Capital.
Fim da linha – “Não dá mais”. Da ex-deputada Gilma Germano e secretária-executiva da Diversidade, anunciando a decisão de deixar o PPS, partido situado na oposição ao governo.
Em retirada – O desalento com a vida pública e a decepção com a postura de colegas de bancada levaram o presidente do PEN, Ricardo Marcelo, a deixar a sigla primeiro.
PINGO QUENTE – “Eu quero ser apenas tenente”. Do ex-governador Roberto Paulino (PMDB), sem preocupação com a patente de “general” entre os aliados do governo Ricardo II.
*Reprodução do Jornal Correio da Paraíba.
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OPINIÃO - 22/11/2024