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Jornalista desde 2007 pela UFPB. Filho de Marizópolis, Sertão da Paraíba. Colunista, apresentador de rádio e TV. Contato com a Coluna: [email protected]

A crise pela lente de Maílson da Nóbrega

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publicado em 29/03/2015 ás 16h03

Vale a pena refletir sobre a visão do conterrâneo Maílson da Nóbrega, um dos economistas mais aclamados do Brasil, em relação à nossa crise econômica, ampliada com o fosso político entre a gestão da presidente Dilma e o Congresso Nacional, arredio à convivência harmoniosa com o governo.

Para o paraibano, “o momento é muito ruim”. “O país está entrando rapidamente numa recessão, inflação acima de 8%, déficit externo gigantesco, acima de 4% do PIB. O processo de reajuste tarifário em curso vai implicar num aumento brutal de conta de luz. Ao mesmo tempo, corremos o risco de perder o grau de investimento. Ninguém tem dúvida que a economia vai encolher esse ano, menos emprego e menos renda”.

A situação – na visão dele – decorre de sucessivos equívocos cometidos na condução econômica. “Se pode destacar intervenção excessiva no setor elétrico, que desestruturou o setor, custou uma enormidade ao país e agora se reflete no aumento gigantesco de tarifas de energia. Você tem intervenções de todo jeito na Petrobrás, que gerou prejuízo de 60 bilhões a 80 bilhões, com o controle artificial dos preços, sem contar com a enorme corrupção sistêmica que estava se passando na empresa”.

Elogio mesmo só à decisão da nomeação de Joaquim Levy. “Mas felizmente o Brasil tem instituições sólidas, aí a gente inclui a imprensa livre, as visões da sociedade, o funcionamento dos mercados, julgamento permanente da ação dos governos. Tudo isso levou a presidente Dilma a dar uma virada que ninguém imaginava que fosse possível que foi a escolha do ministro da Fazenda, um dos melhores economistas do Brasil, conhecedor profundo do setor público, restaurando a credibilidade”.

O parecer de Maílson da Nóbrega, portanto, passa longe do ambiente artificial que o governo tenta impor, mas também se distancia do quadro fatalista e catastrófico entoado pela oposição. O que lhe dá crédito e proximidade da realidade.

Luz no fim… – Autoproclamado “otimista insuperável”, Maílson – em entrevista ao Correio Debate (Rádio Correio Sat) – nós dá, entretanto, um alento de dias melhores no Brasil.

…Do túnel – “(…) Não será no primeiro semestre, como a presidente prevê, mas lá no fim do ano começam a aparecer os primeiros sinais de que o pior já passou”, prevê o economista.

Exorcizando fantasmas – Não será nenhuma maravilha, adverte Maílson, mas “a volta de uma certa mediocridade”. “Esse conjunto nos permite ver a esperança e a certeza que o país não vai entrar em colapso. O Brasil está longe de passar pelas dificuldades da Argentina e os dissabores porque passam a sociedade venezuelana”, esclarece.

Lanterna – De uma coisa, Dilma não vai poder fugir: “ela será o governo de terceiro pior desempenho na economia”. Menos ruim apenas do que Floriano Peixoto e Collor.

Deslizes – Nóbrega aponta o “excessivo descontrole dos gastos públicos e o desmonte das instituições fiscais” entre os graves erros cometidos no mandato de Dilma.

Maquiagem – “Inventaram a contabilidade criativa para enganar as pessoas, para fazer supor o cumprimento de metas fiscais”, criticou o ex-ministro da Fazenda de José Sarney.

Mais um – “Entupiram o BNDES de 400 bilhões de reais em recursos, o que aumentou o custo médio da vida pública e não gerou o investimento que eles planejavam”.

Pra platéia – “O governo estimulou com uma pletora de desoneração fiscal a expansão do consumo, quando qualquer analista sabia que o problema do Brasil era de oferta”.

Declínio – “A indústria estava perdendo competitividade e perdeu mais ainda, porque com essa expansão do consumo a demanda vazou para os serviços e para o exterior”.

Resultado – “Importamos mais, o superávit comercial virou déficit e os trabalhadores começaram a ter salários reajustados acima da produtividade, isso aumento custo para empresas”.

Quebradeira – “Algumas ficaram inviáveis. Tudo isso é erro e parte disso gerou a perda da capacidade de competir da indústria, o Brasil perdeu mercados, perdeu superávit comercial”.

Efeitos – “A crise política está instalada e isso resulta na perda da capacidade da presidente de comandar sua agenda, na sua dificuldade de articulação com o Congresso”.

Refém – “Nós estamos assistindo a uma emergência do Congresso, como centro de poder, isso tem vantagem, mas tem complicações porque limita a capacidade da presidente”.

PINGO QUENTE – “A única vantagem é que tudo isso é concertável”. Do ex-ministro Maílson da Nóbrega, para quem a recuperação econômica é possível, mas “leva tempo e gente competente”.

*Reprodução do Jornal Correio da Paraíba.

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