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Jornalista desde 2007 pela UFPB. Filho de Marizópolis, Sertão da Paraíba. Colunista, apresentador de rádio e TV. Contato com a Coluna: [email protected]

Os judas da política

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publicado em 03/04/2015 ás 16h54

Nos relatos paralelos da bíblia, o discípulo que entregou Jesus é descrito como alguém ambicioso e que se escalou tesoureiro responsável pela arrecadação de ajudas para subsistência do grupo em missões por longas jornadas. Aproveitando-se do cargo, pedia em nome do Mestre e nem sempre destinava para o fim requerido.

Dois mil anos depois, a política tem lá seus muitos Judas ainda em plena atividade. O contemporâneo é mais esperto, prospecta cifras bem mais atrativas, engana a platéia de boa fé e vive em busca de doadores para colaborar com o ‘Reino’, atualizado para seu partido político ou o projeto do chefe.

Como o do passado, ele demora a deixar seus rastros. Esconde-se sempre por trás de uma capa de aplicado e dedicado ao interesse coletivo, quando na verdade usa e abusa do espaço de poder que detém para se locupletar, fermentar as contas pessoais e levar vantagem em tudo que faz.

Na frente das câmeras, nos debates e nas tribunas, encena teses com reconhecida competência. Comove e convence multidões a seguir seus caminhos e tomar para si seus dogmas como verdades absolutas. Se descuidar, quem lhes ouve chega até a crer estar diante da própria divindade.

E não se enganem. Os Judas da política não se corrompem por algumas singelas moedas. Exigem e geralmente faturam fábulas de dinheiro como remuneração pelo serviço sujo. Conserva, porém, a disposição de enganar e apunhalar com o mesmo sorriso nos lábios quem venerar e respeitar.

Mas um dia a verdade aparece. Chega o dia em que todos finalmente descobrem que aquele beijo teatral, ao invés de afago e demonstração de respeito e devoção, não passa de traição descarada a tudo que disse e pregou, no público e no privado. Aí, finalmente a máscara cai. Com uma diferença; os Judas da nova era não se arrependem. Para escapar, enforcam o povo.

Corda… – Daniel Assis, do Sindicato da Educação de João Pessoa, não dá sinais de recuo. Apesar da pesada ofensiva da Prefeitura, o sindicalista prometeu a manutenção da greve.

…Esticada – Várias entidades manifestaram-se a favor do movimento de resistência do magistério da Capital, entre elas a Associação dos Docentes da Universidade Federa da Paraíba.

Lavando as mãos – “Primeiro dialogamos, depois esperamos a decisão da Justiça e hoje existe essa decisão. Agora se não houver cumprimento, vamos tomar as medidas para preservar o calendário estudantil. A gente negocia, se não tem bom senso…”. Desabafo do prefeito Luciano Cartaxo, para quem as possibilidades de diálogo com os professores foram esgotadas.

Greve… – “Ele disse que não tinha condições de dar mais nada”. Do presidente do Sindicato da Educação do Estado, Antônio Arruda, sobre a audiência com o governador Ricardo.

…No Estado – A categoria pede 9% de reajuste já em abril, 7,8% para o pessoal de apoio, elevação da gratificação dos diretores e revisão no Plano de Cargos, Carreira e Remuneração.

Stop – São Paulo. Esse foi o destino da vice-governadora Lígia Feliciano (PDT) na Semana Santa. Pilotando agenda corrida na Paraíba, deu pausa para recarregar as baterias.

Leite de coco – O que está mesmo vencido, e faz tempo, em Cabedelo, é o modo de se fazer política numa cidade riquíssima, mas cujo nível da representação beira ao estado de miséria.

Criatividade – Mesmo na crise, prefeituras do Interior estão inovando na Semana Santa. A de Gurjão, por exemplo, fez um kit com peixe, arroz, fubá, leite de coco e até suco de uva.

Em análise – A deputada Daniella Ribeiro (PP) estuda, detidamente, a possibilidade de licença. Os suplentes são Eliza Virgínia (PSDB) e Doutor Aníbal Marcolino (PEN), pela ordem.

Revisão… – A vereadora de Recife, Marília Arraes (PSB), apresentou decreto legislativo na Câmara para modificar os nomes de ruas da capital pernambucana ligados à Ditadura Militar.

…Histórica – Em João Pessoa, o governador Ricardo Coutinho trocou a denominação da Escola Presidente Médici, situada no bairro Castelo Branco. Virou João Goulart.

Resgate – A Fenaj se articula em Brasília para, finalmente, aprovar a PEC que restaura a obrigatoriedade do diploma para o exercício da atividade de jornalista no Brasil.

Mea culpa – O ex-presidente Lula já fez sua parte: “Nós, e é importante eu também assumir e cada um de nós assumir, cometemos equívocos”. Falava da condução econômica do governo.

PINGO QUENTE – “É tentar tirar leite de pedra”. Do governador Ricardo Coutinho (PSB), para quem o visível distanciamento entre PT e PSB não passa de criação.

*Reprodução do Jornal Correio da Paraíba.

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