João Pessoa, 20 de maio de 2011 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Se o cidadão paraibano for se basear no dizer dos nossos representantes logo chegará a conclusão de que realmente não temos jeito. Estamos condenados a viver numa unidade da federação onde o “faz de conta” impera e resistirá por muito tempo.
Por aqui, ao invés de formar grupo de trabalho para averiguar o impacto dos danos causados ao erário pela possível existência de funcionários que recebiam indevidamente do Estado, nossos parlamentares preferem questionar como uma revista conseguiu a lista dos fantasmas.
No lugar de acordar uma sessão conjunta para debater o problema, sem açodamento, para averiguar os indícios da negligência ou má fé que podem ter levado o Governo a depositar salário na conta de mortos, os nossos ilustres deputados preferem se engalfinhar no estéril debate de quem cedeu ou não o documento, antes secreto.
E o que vemos? A continuação do festival de bravatas, iniciado desde o início desta legislatura, cujo mérito já foi objeto de crítica desta coluna. Assim que surgiram os primeiros escândalos referentes ao governo passado, as bancadas da Oposição e governista ensaiam um jogo de cena digno de reprovação da opinião pública.
De um lado, os governistas apresentam indícios de provas contra os adversários e ameaçam a instalação de CPI. Do outro, os oposicionistas pedem a extensão das investigações a governantes do passado para pegar aliados do atual governo. Assim, vão fingindo interesse em apuração. Um teatro mal interpretado e pouco convincente.
Noutro foco –
O deputado Gervásio Maia Filho (PMDB) se esforçou e conseguiu sair do mérito da discussão ao suscitar supostas falhas na lista. “A lista ficou desconfortável”.
Pra investigar –
Defensor de uma CPI para investigar o cemitério da folha, Tião Gomes (PSL) ponderou. “Não é chantagem nenhuma. Vamos mostrar a cara dos governos anteriores”.
Os chutes da Oposição – O líder da Oposição na Câmara de João Pessoa, Fernando Milanez (PMDB), acusou o secretário da Administração, Gilberto Carneiro, de ter “vazado” a lista dos fantasmas. Na Assembléia, o deputado Anísio Maia (PT) atribuiu o “repasse” do documento ao chefe da Controladoria Geral do Estado, Luzemar Martins. Uma bolsa de apostas.
A tese de Eliza –
A vereadora pessoense Eliza Virgínia (PSDB) arranjou uma forma de sair de fininho do tema. A neo tucana acha que a investigação em torno do caso dos fantasmas tem o objetivo de atingir o ex-governador Cássio Cunha Lima. E haja imaginação.
Incorporando serenidade –
O deputado Aníbal Marcolino (PSL), conhecido pelo estilo explosivo, teve um lampejo de equilíbrio ontem ao entrar no debate dos defuntos. Marcolino defendeu uma profunda investigação das denúncias, inclusive estendendo a governos anteriores.
Sensatez –
Apesar de líder da Oposição, sem mostrar temor, o deputado André Gadelha (PMDB) seguiu a linha. “A lista existe e temos que nos aprofundar sobre os pagamentos”.
Ficção e realidade –
O vereador e poeta Bruno Farias (PPS) sacou da prosa mesmo para comentar o escândalo dos mortos vivos da folha. “Pensei que só havia assombração na ficção”.
Promessa –
“Se vierem nesse tom, eu vou responder a altura”. Reação do vereador Milanez ameaçando radicalizar, caso aliados de Agra mexam na sua vida pessoal.
Camomila –
O socialista Bira Pereira não se intimidou diante do pedido de impeachment de Agra, marcado para hoje na Câmara. “É apenas uma tentativa de desvirtuar o debate”.
Sem substância –
Já o prefeito Luciano Agra (PSB) minimizou o estardalhaço da bancada oposicionista. “Não tem substância. Estou com minha consciência absolutamente tranqüila…”
Sono –
“… Tudo que fiz foi amparado na lei. Até agora, não conseguiram tirar um minuto do meu sono. E olhe que preciso dormir porque trabalho muito”, ironizou Agra.
Caso da Merenda –
A TV Cabo Branco já respondeu ao pedido de direito de resposta da Prefeitura de João Pessoa que contestava editorial da emissora. Foi completamente indeferido.
Outra via –
Diante da negativa da afiliada da Rede Globo, a coluna apurou que a gestão estuda entrar na Justiça para ter direito ao que a lei e o bom senso jornalístico garantem.
Cheiro do queijo –
“Vossa excelência me convidou para o cheiro do queijo”. Do vereador Tavinho Santos (PTB), sobre desafio de Sandra Marrocos (PSB) de inspeção na Cândida Vargas.
Divergência –
O juiz da 68ª zona eleitoral de Cajazeiras, Judson Kildare, entende que o artigo 14, parágrafo 7º, da Constituição, impede eventual candidatura de Vituriano de Abreu.
PINGO QUENTE – “Estou tranqüilo. Mas tem muita gente sem dormir com assombração”. Deputado Tião Gomes (PSL), brincando com o medo que os fantasmas fazem a certas autoridades.
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OPINIÃO - 22/11/2024