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‘Minha filha não morreu em vão’, diz mãe de ex-nadadora atropelada

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publicado em 03/05/2015 ás 14h52

A mãe da ex-nadadora Sarah Corrêa, de 22 anos, que morreu neste sábado (2) após ser atropelada por um carro desgovernado na Zona Oeste do Rio, disse neste domingo (3) que não vai deixar a morte da filha passar em branco.

“Ela não morreu em vão. Eu vou buscar, porque assim como eu, tem muita gente que passa por isso e fica impune. Outros pais estão sofrendo por esse massacre que acontece não só no Rio, mas em outros lugares. Ela era uma medalhista, ganhou várias medalhas para o Brasil,” desabafou Maria de Fátima Gonçalves.

O corpo de Sarah estava no Instituto Médico Legal (IML) na manhã deste domingo e será sepultado no Cemitério do Caju. Por volta das 13h, os pais da ex-atleta chegaram ao instituto. Maria de Fátima contou que o motorista que atropelou e matou Sarah mora perto do local do acidente e é conhecido na região.

“Testemunhas contaram que o suspeito já teria outros três atropelamentos nas costas e que sempre é resgatado do local pela mulher dele. A polícia disse que depois do acidente ele foi procurar um hospital, mas teve gente que viu ele numa churrascaria”, contou ela.

Maria de Fátima contou que Sarah estava no ponto de ônibus, cerca de 500 metros de onde morava.

“Deus às vezes faz coisas que não tem explicação. Ela estava de folga na segunda-feira, na terça fez um desfile, porque também trabalhava como modelo, mas na quarta e na quinta não foi trabalhar porque não estava se sentindo bem, e só saiu na sexta à noite. Ou seja, passamos três dias inteiros juntas, com muito chamego, muito abraço, muito beijo e conversamos muito sobre tudo. Foi mágico. Parece que foi uma preparação para a despedida”, disse ela, que tem dois filhos mais velhos, um deles mora na Espanha.

Órgãos não serão doados

Primo de Sarah, Reno Magalhães disse que as informações sobre o acidente ainda estão fragmentadas e que qualquer conclusão agora é precipitada. Segundo ele, os órgãos da ex-nadadora não puderam ser doados, como era o desejo de Sarah, porque o coração dela parou de bater quando ainda estavam sendo feitos os testes para transplantes.

Fátima quer enterrar a filha com o uniforme da seleção de natação e as camisas dos clubes por onde Sarah passou, como Flamengo, Fluminense, Minas Tênis Clube e Santa Cecília.

Na manhã deste domingo, a mãe fez uma homenagem para filha no Facebook. “Quando Deus te desenhou ele estava namorando e feliz. Deixou você ficar aqui mais só para mostrar para as pessoas sua bondade seu carisma sua alma seu sorriso de menina num corpo de mulher. Amou cada pessoa que passou por sua vida, e mesmo aquelas que queriam te fazer mal, voce encontrava nelas algo de bom, e tentava me explicar o porque dela ser assim, seu coração nunca teve mágoas nem resentimento Nele só cabia Amor. Gratidão e senso de justiça. Obrigada minha filha por ter me ensinado a perdoar, Você era especial eu já sabia disso desde que coloquei os olhos em você na maternidade.”

Imagens

A câmera de segurança de uma das casas na Estrada dos Bandeirantes, em Vargem Pequena, na Zona Oeste do Rio, flagrou o momento do acidente que causou duas mortes, a jovem de 22 anos e Paulo Soares, de 58, na sexta-feira (1º).

Segundo testemunhas, o motorista estava em alta velocidade e que é conhecido na região, onde teria uma pizzaria. “Amigos disseram que ele passou a mais de 180 km/h. Ele derrubou um muro levando duas pessoas, matando duas pessoas. Ele não pode ficar impune. O que eu quero é que a justiça seja feita”, disse o pai da Sarah, Benedito Bismark Corrêa.

Nas imagens (veja acima), um carro vira à esquerda bruscamente e atinge duas pessoas. O relógio marca o horário: eram quase 18h. As marcas de destruição causadas pelo acidente ainda estavam no local neste sábado (2).

Motorista não prestou socorro

Segundo a Polícia Militar, o atropelador foi levado para a 42ª DP (Recreio). Na delegacia, a informação passada  é de que o caso “corre em sigilo” e que nenhuma informação sobre o condutor do carro poderia ser passada.

A assessoria da Polícia Civil informou que o motorista se apresentou espontaneamente e teria alegado que não prestou socorro às vítimas – uma das queixas de parentes – porque procurou atendimento em um hospital antes de se dirigir à unidade policial. Ele foi liberado depois de prestar depoimento, mas será chamado para dar novas declarações. A identidade dele também não foi revelada pela corporação.

G1