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Em depoimento à CPI do BNDES na Câmara dos Deputados, o empresário Eike Batista disse nesta terça-feira (17) que o banco de fomento teve “zero de prejuízo” com os empréstimos feitos a empresas do grupo que era comandado por ele.
Ouvido na condição de testemunha, Eike foi convocado para falar sobre a situação dos R$ 10 bilhões em financiamentos obtidos pelo Grupo EBX, que faliu em 2013. Ele já foi o homem mais rico do Brasil em 2011, segundo a revista Forbes, com uma fortuna estimada em US$ 30 bilhões.
“O BNDES está 100% assegurado, teve zero de prejuízo. Não sei porque repetem constatemente os R$ 10 bilhões se [o prejuízo] é zero, zero”, ressaltou o empresário em depoimento aos parlamentares.
Desde agosto, quando foi instalada, a CPI investiga contratos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico. De acordo com Eike, os empréstimos para o grupo dele não somaram R$ 10 bilhões, como divulgado na imprensa.
A fala de Eike coincide com a do presidente do BNDES, Luciano Coutinho. Em abril, ele disse, em audiência pública no Senado, que o banco não teve “nenhum centavo” de perda em suas operações de crédito com o Grupo X.
Eike também destacou à CPI que os recursos do BNDES representaram uma parcela menor dos seus investimentos. “Os empréstimos do BNDES, obviamente, foram importantes, mas todos garantidos por bancos privados e meus avais pessoas”, disse.
Ele citou como exemplo as obras do Porto de Açu, em construção em São João da Barra, no norte fluminense. Segundo ele, o BNDES emprestou R$ 3 bilhões para a construção do porto, enquanto investidores estrangeiros investiram R$ 70 bilhões. “É importante mostrar a proporção de tudo”, disse.
Eike atribuiu a falência do grupo EBX à baixa produtividade de uma das empresas do grupo, a OGX (empresa de exploração de petróleo), que arrastou para o buraco as demais. “Achamos petróleo, mas a produtividade dos poços não correspondeu ao esperado”, disse. “A falha de não termos produtividade nos campos de petróleo causou uma corrida bancária ao grupo todo”, completou.
Segundo ele, o petróleo era uma parte grande do grupo. “Se eu tivesse investido dinheiro em áreas do pré-sal, a história seria totalmente diferente. Furamos 110 poços, contribuímos com conhecimento geológico das bacias brasileiras. Imagina se isso fosse na área da pré-sal. Aleluia”, disse.
Fenômeno
Após as cinco empresas do grupo quebrarem, Eike disse que entregou o comando de todas aos bancos credores e atualmente tem apenas uma participação minoritária. “Na verdade, foi tudo cedido aos bancos privados”, afirmou.
Questionado sobre o seu patrimônio pessoal pelo deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA), um dos autores da sua convocação, Eike contou que hoje está negativo em R$ 1 bilhão de dólares, mas negou estar falido.
“É negativo em R$ 1 bilhão de dólares. Não estou falido porque estou negociando com os credores. Espero comunicar que voltei ao mercado”, afirmou.
Em tom de ironia, Jordy comentou que ele era um “fenômeno”. Eike respondeu: “Eu sei”, provocando risos entre os presentes
Aos deputados, Eike disse ainda que os empréstimos do BNDES, que começaram em 2008, não tiveram interferência política, embora ele tenha admitido que chegou a procurar depois o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quando as empresas já estavam em situação frágil.
“Nunca nos metemos em política. Não faz parte da minha cultura, nunca fez parte da cultura do meu pai. Quando fomos falar com o governo, foi tarde. Mas entendo que o governo não ia ajudar”, disse o empresário.
G1
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