João Pessoa, 08 de março de 2016 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Imagine a seguinte situação: num jogo de futebol amador, praticado por crianças com idades entre 7 e 10 anos, duas delas se destacam. Dribles, gols, jogadas bonitas – todas aquelas peripécias que os craques costumam fazer desde pequenos. Uma das crianças é um garoto; a outra, uma menina. Sim, é muito comum meninos e meninas jogarem juntos nessa idade, seja nas ruas, nos campos de pelada ou mesmo nos clubes.
Entretanto, os caminhos da bola podem revelar mundos completamente distintos para quem deseja seguir carreira no futebol. Enquanto meninos vislumbram o dinheiro e a fama, as meninas ainda estão em busca de serem notadas.
Claro que o sol não brilha para todos no masculino, mas existe uma luz, a chance de pelo menos sonhar.
No futebol feminino, em meio a falta de estrutura, sem base, sem incentivo da CBF, federações, clubes e imprensa, talvez nem isso. No Dia Internacional da Mulher elas simplesmente não têm o que comemorar.
Driblar, no caso das mulheres, significa muito mais do que uma simples jogada de efeito. É o que revela Gleide Costa, atual técnica do Botafogo-PB, em contato com a coluna, fazendo um recorte da realidade local.
“O futebol paraibano até tinha resurgido em 2015, tendo em vista a realização da I Taça João Pessoa Sub-20, uma iniciativa concreta com equipes de base promovida pela Federação Paraibana de Futebol (FPF). Em seguida veio a boa participação do Botafogo-PB no Campeonato Brasileiro, ficando entre as oito melhores equipes do Brasil, e revelando a atleta Amandinha para a seleção”, lembrou.
A perspectiva em torno de dias melhores para o futebol feminino da Paraíba veio logo em seguida quando a FPF organizou o campeonato estadual com a participação de quatro equipes. No entanto, as disputas fora de campo, com denuncias de jogadoras inscritas de forma irregular tiraram o brilho da competição e deixaram o futebol paraibano em stand by, segundo Gleide.
Até o momento não se conhece o campeão de 2015. A partida que decidiria o certame, entre o Botafogo-PB de Gleide e o Kashima, foi suspensa no intervalo por conta de uma ação judicial impetrada pelo Santa Cruz de Santa Rita. “Os jogos até então ocorriam de forma desejável até surgir a questão das irregularidades com as atletas, o que paralisou a competição por muito tempo”, enfatizou.
Enquanto não se tem uma resolução para o impasse, Gleide Costa sonha com dias melhores para o futebol feminino. “Precisamos de organização e calendário para os clubes. A CBF deveria destinar uma verba para as federações desenvolverem competições locais, custeando transporte, inscrição de atletas e arbitragem. Espero que tenhamos um futuro melhor”, finaliza.
Talvez (quem sabe?) o sonho modesto de Gleide se realize. E o Brasil venha a ser tornar, de fato, o País do futebol.
Por enquanto, a pátria de chuteiras calça acima de 40. E continua sendo, apenas, a nação do futebol masculino.
TURISMO - 19/12/2024