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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que vê com “certa tristeza” a possibilidade de o PMDB deixar o governo Dilma, mas acredita que ainda há chance de um acordo que mantenha parte da legenda na base de apoio governista. Disse também que quer participar das decisões do governo mesmo que seja na condição de conselheiro, caso não consiga tomar posse como ministro. As declarações foram dadas em entrevista a jornalistas estrangeiros em São Paulo nesta segunda-feira (28).
“Pelo que eu estou sabendo, os ministros do PMDB não saíram do governo e nem a Dilma quer que eles saiam. O que eu acho que vai acontecer é o que aconteceu em 2003: o governo vai construir ainda uma base com parlamentar do PMDB no Senado e na Câmara e vamos ter uma espécie de uma coalizão sem a concordância da direção”, disse Lula.
O ex-presidente disse que vai pessoalmente a Brasília conversar com o vice-presidente Michel Temer sobre a possível saída do PMDB do governo Dilmar Rousseff. “Vou saber direito qual é a razao, às vezes é um problema local”, disse.
“Pode ser que a eleição de prefeito [em outubro] esteja implicando em uma decisão. Tudo isso tem que ser avaliado corretamente. Eu tenho respeito pelo PMDB por tudo o que ele ajudou nestes anos todos. o PMDB como todo partido tem virtudes e tem defeitos, mas eu acho que se a gente for analisar os benefícios que eles ajudaram a criar neste país foram bons, eu acho que a gente deve isso a eles e precisamos conversar com o PMDB.”
Lula foi eleito presidente duas vezes, em 2002 e 2006, sem ter o PMDB na coligação. No primeiro mandato, recebeu apoio parcial e chegou a nomear ministros da legenda. No segundo mandato, iniciou com seis ministros peemedebistas. Em 2010 e 2014, PT e PMDB formalizaram uma aliança com Dilma Rousseff de presidente e Michel Temer de vice.
Ele destacou que tem uma experiência histórica de relação com o PMDB, e conhece bem o partodo. “É um partido com muita força regional, você tem o PMDB em cada estado com muita autonomia. “Quando eu ganhei as eleições em 2003, no primeiro momento o PMDB não me apoiou, o PMDB participava do governo, uma parte do PMDB na Câmara me apoiava, uma parte do PMDB no Senado me apoiava. E nós conseguimos governar. O concreto é que o PMDB me ajudou a governar este país no primeiro mandato.”
“No segundo mandato, nós então fizemos um acordo com o PMDB e o PMDB teoricamente decidiu me apoiar e ainda assim a gente nunca teve todo o PMDB. Você tem vários estados que as pessoas não querem apoiar o governo porque são inimigos no PT no estado e agem assim. Então, o que que eu acho: eu lamento, eu lamento. Eu vejo com uma certa tristeza o PMDB abandonar o governo.”
Lula disse ainda que o PMDB deve deixar explícito em suas decisões se não concorda com a política econômica do do governo. “Porque estas coisas, se for temas específicos, é fácil você acordar”, disse.
“Agora o que eu acho é que ninguém gosta de apoiar um governo quando ele não está bem na opinião pública, para alguns quando fica numa situação dessa, é melhor a gente tentar encontrar um jeito de fortalecer o governo e fazer o governo se recuperar. Esta é a obrigação do PT. Se o PMDB não quer compartilhar com isso agora, eu acho que é preciso muiita gente do PT e muita gente do governo continuar conversando com o PMDB.”
Lula afirmou que o PMDB não é um partido único. “O PMDB tem vários pensamentos, é um partido com muita conversa. Eu mesmo vou para Brasília conversar com muita gente do PMDB”, disse.
Na terça (29), uma reunião do diretório nacional do PMDB discutirá se o partido desembarca ou não do governo.
G1
TURISMO - 19/12/2024