João Pessoa, 06 de abril de 2016 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
O coro brasileiro pela convocação de Thiago Silva e Marcelo ganhou mais uma voz. Em entrevista ao vivo, transmitida no Facebook do Jornal Extra, Bebeto, um dos heróis do tetracampeonato mundial na Copa de 94, nos Estados Unidos, saiu em defesa dos dois jogadores, sem se deixar intimidar pela velha amizade com Dunga, ao lado de quem disputou três Mundiais (90, 94 e 98).
– O Thiago Silva tem que estar na seleção e ser titular. É um dos melhores zagueiros do mundo. Dunga tem essas coisas. É meu parceiro, tenho muito carinho, não sei se teve algo entre eles. Se teve, Dunga tem que esquecer. Dunga é turrão, tem cabeça dura. Mas tem coração grande. Marcelo é outro que tem que ser titular. Vem fazendo uma grande temporada no Real Madrid, é um jogador com um talento absurdo – disse Bebeto, na entrevista que fez parte da programação especial de comemoração dos 18 anos do Jornal Extra.
Se Thiago Silva e Marcelo estão bem cotados pelo ex-atacante, quem não tem tanto prestígio é justamente o treinador. Na avaliação de Bebeto, Dunga não é o técnico ideal para a seleção brasileira no momento.
– Não era a vez do Dunga. O Tite tinha que ser o técnico – destacou o tetracampeão, ressaltando o descrédito da seleção desde os 7 a 1 para a Alemanha, na Copa do Mundo de 2014, no Brasil: – Ninguém respeita mais o Brasil. Estava lendo uma entrevista em que o Roque Santa Cruz, atacante do Paraguai, dizia: “Sabemos que podemos ganhar do Brasil”. Eles respeitavam mais. Tem que mudar isso.
A decepção maior, porém, nem é com o futebol da equipe de Dunga, mas com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), por onde teve uma breve passagem, como coordenador das categorias de base, em 2013. A prisão do ex-presidente da entidade José Maria Marin e o afastamento de seu sucessor, Marco Polo del Nero, suspeito de fraudes durante a gestão, desapontaram Bebeto.
– É uma decepção total. Se houve algo errado, tem que ser punido. Fiquei quase um mês lá. Tenho minha vida. Sou deputado (estadual). Fui para ajudar, mas saí logo. Sou muito certinho. Quando vi alguma coisa que não me agradou, saí – afirmou Bebeto, que não se conformou por não ter sido consultado sobre a efetivação de Alexandre Gallo, àquela época, como treinador das seleções sub-20 e sub-23.
O ex-atacante não tem olhos somente para a seleção brasileira. Em Portugal, defendendo a camisa do Estoril, está sua maior aposta, o filho Mattheus, de 21 anos, obrigado a interromper seu ciclo no Flamengo após uma derrota por 4 a 1 para o Atlético-MG, que eliminou o time da Copa do Brasil, no fim de 2014. Lançado por Vanderlei Luxemburgo no time titular aos 22 minutos do segundo tempo, Mattheus virou um dos símbolos daquele fracasso.
– Vão sentir saudade dele – disse Bebeto: – Mattheus não teve a felicidade de pegar um Muricy Ramalho (como treinador). A diretoria, principalmente o (ex-vice de futebol) Wallim (Vasconcellos), prejudicou o Mattheus. Quando houve interesse do Juventus, ele jogou para a imprensa que o Mattheus queria sair. E o (Paulo) Pelaipe, gerente de futebol, conduziu muito mal. Depois, os dois saíram do Flamengo. Isso me deixou louco. Inacreditável.
Bebeto teme que o Flamengo queime também a nova safra campeã da Copa São Paulo de Juniores, assim como aconteceu com a geração de Mattheus, na conquista de 2011.
– Se não tiver paciência com esses garotos, vão acabar se perdendo. Daqueles garotos campeões da Copinha com o Mattheus, me diga um que ficou no Flamengo. Nenhum! Tem alguma coisa errada, né? – criticou.
G1
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