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Rio de Janeiro

Mulher é presa suspeita de racismo em supermercado da Zona Sul

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publicado em 29/05/2016 ás 14h46

Uma mulher de 58 anos foi presa neste sábado (28) suspeita de injúria racial no Leblon, Zona Sul do Rio. Segundo testemunhas, Maria Francisca Alves de Souza, de 58 anos, teria insultado, com palavras de cunho racista, um funcionário negro da rede de supermercados Zona Sul. O caso ocorreu por volta das 20h, em um dos endereços mais nobres do Leblon, Zona Sul do Rio: a Rua Dias Ferreira, conhecida pela grande movimentação de bares e restaurantes, sobretudo à noite.

Testemunhas contaram que a suspeita insultou o funcionário com frases como “Volta para sua senzala’ e ‘quilombo’. De acordo com um dos funcionários, a mulher fez as ofensas depois que o colega que teria sido vítima de racismo se negou a lhe prestar um favor — buscar um produto enquanto ela aguardava na fila do caixa — o que motivou a discussão.  Ela também teria achado que foi tratada com deboche por uma caixa.

O funcionário que denuncia ter sido ofendido é um gerente, identificado como Paulo Roberto Gonçalves Navaro, 45 anos. Ele se disse indignado com as ofensas e chamou a polícia. “Infelizmente é muito triste que hoje em dia aconteça isso”, afirmou Paulo.

No local, a mulher se defendeu dizendo que “senzala” e “quilombo” são, na visão dela, exaltações à raça negra. “Olhem as senzalas das telas de Debret”, em referência ao pintor francês Jean-Baptiste Debret, conhecido por suas pinturas sobre o período escravocrata brasileiro no século 19. Sobre o “quilombo”, a mulher diz se referir a Zumbi dos Palmares, líder negro e, segundo ela, “ícone da resistência negra”.

Houve um princípio de confusão e gritos de “racista” até policiais do Batalhão do Leblon chegarem ao local. A mulher, o funcionário e outras testemunhas prestaram depoimento na delegacia do bairro.

A Polícia Civil classificou o crime como injúria racial e prendeu a agressora. Ela vai ser encaminhada para o Complexo Penitenciário de Bangu, na Zona Oeste do Rio, na tarde deste domingo (29). “Infelizmente esse tipo de crime é comum, mas muita gente não vem à delegacia para relatar. É importante o relato de testemunhas para que as medidas sejam tomadas. Estamos voltando ao discurso do ódio. E racismo é crime”, disse a delegada-titular da 14ª DP (Leblon), Monique Vidal.

Em depoimento a polícia, segundo a delegada, Maria confirmou que usou as palavras “senzala” e “quilombo”, mas afirmou que não tinha intenção de ofender.

G1