O titular da Delegacia de Defraudações e Falsificações, o delegado Lucas Sá, divulgou nesta quarta-feira (25), novos dados sobre possíveis envolvimentos da organização criminosa ORCRIM. No novo material divulgado é detalhado a função de Thiago Augusto Nogueira Leão como professor, aquele que se inscreve nas provas e passa através de ponto as informações aos candidatos. Thiago escreveu ao Portal MaisPB, afirmando que era inocente. De acordo com o delegado, nas conversas de whatsapp também fica claro que já existia intenção de Thiago atuar no concurso da UFBA, que será realizado neste domingo (29).
Thiago Leão foi preso em 2015 pela Polícia Civil de Pernambuco na Operação Mercado. O membro da ORCRIM foi preso na 1ª fase da GABARITO e tem como funções o treinamento de “clientes” (candidatos), aquisição de pontos eletrônicos e resolução de algumas provas (professor).
Matéria divulgada pelo portal “A voz da Vitória”, de 2015, revela a participação de Thiago no caso da Operação Mercador, quando foi desbaratada fraude no concurso público para a Guarda Municipal de Ipojuca.
“De acordo com a delegada responsável pelo caso, Patrícia Domingos, da Delegacia de Crimes Contra Administração e Serviços Públicos (DECASP), os criminosos usavam ponto eletrônico para passar as respostas a candidatos. Os 19 primeiros colocados tiraram a mesma nota. Eles acertaram todas as questões, com exceção da 18ª, em que marcaram a mesma alternativa equivocada: a letra “E”. As investigações já duraram mais de dois meses. Além do líder da quadrilha, o técnico judiciário do Tribunal de Justiça do Estado (TJPE) Anderson Lima Ribeiro, a organização criminosa era composto pelos guardas municipais do Recife Thiago Vaz de Araújo Silva, 31, e Thiago augusto Nogueira Leão, 29. A quadrilha agia da seguinte forma: alguns dos membros se inscreviam no concurso que seria fraudado, no caso para agente de trânsito de Ipojuca. Eles faziam a prova, cada qual era responsável por fazer uma disciplina. Eles saiam antes do horário final da prova, se reuniam, montavam o gabarito global da prova e após a montagem desse gabarito eles, simplesmente, repassavam através de ponto eletrônico para os beneficiários da fraude”, afirmou Patrícia Domingos.
Polêmica com IFBC
Em relação a polêmica envolvendo o IBFC, que emitiu nota ontem, terça-feira (25), negando que o Lucas Sá teria procurado a instituição e garantindo que não houve fraude no certame do TJPE, o delegado explicou ao Jornal da Paraíba que os indícios de fraude no concurso são fortes, uma vez que as investigações da operação comprovaram que os suspeitos já estavam “vendendo” vagas para o TJPE em março. “Três pessoas presas — a Poliana de Alencar Holanda, o Jamerson Izidro de Oliveira e o Thiago Nogueira Leão — se inscreveram para esse concurso, até para atender à determinação criminosa, ou seja, eles eram alvos”, disse.
O delegado explicou ainda que alertou a Polícia Civil de Pernambuco e ao IBFC. “Encaminhei material para a Polícia Civil de Pernambuco, através da inteligência, e para o IBFC para que eles atuassem na segurança (do certame). Mas no dia 17 de outubro, ou seja, dois dias depois do concurso, quando surgiram as denúncias, eu entrei em contato com a polícia e o delegado disse que não havia sido possível identificar atitudes suspeitas porque o instituto não permitiu que houvesse investigação”, pontuou Lucas Sá ao Jornal da Paraíba, contrariando o que disse o IBFC que “nunca impediu qualquer investigação policial realizada na Operação Gabarito” e que tem “contribuído ativamente com todas as autoridades envolvidas”.
Sá ainda ressaltou que as falhas na aplicação do concurso do TJPE não são uma acusação sua, mas de mais de 400 denúncias feitas ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE). O delegado ainda adiantou que deve participar de uma reunião, ainda não definida a data, com o MPPE e com o TJPE para debater o caso e onde será proposta a anulação do concurso.
“Disseram (o IBFC) que fui sensacionalista. Mas eles não sabem do que eu sei. Analisei mais de 15.000 arquivos. A conduta dessa organização criminosa é gravíssima. Possuem agentes infiltrados em diversas instituições”, defende-se.
Paulo Dantas – MaisPB