João Pessoa, 22 de janeiro de 2019 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
O papa Francisco faz sua primeira viagem ao Panamá nesta quarta-feira (23) para uma reunião de mais de 150.000 jovens católicos de todo o mundo na Jornada Mundial da Juventude.
O papa de 82 anos usará um dos principais eventos do calendário católico para abordar temas como pobreza, corrupção e migração na América Latina, região onde nasceu, informaram autoridades da Igreja.
“Nossa juventude, especialmente na América Central, precisa de oportunidades”, disse o arcebispo panamenho José Domingo Ulloa.
Frequentemente, sua “dura realidade” os faz escolher entre migrar ou “cair nas garras dos narcotraficantes”, disse Ulloa, em Roma, durante uma visita preparatória.
Esta será a terceira JMJ de Francisco, que presidiu uma em 2013, logo após ser escolhido papa, no Rio de Janeiro, e outra em Cracóvia, na Polônia, em 2016.
Na Polônia, desafiou os governos conservadores da Europa central e oriental a diminuir a sua resistência aos migrantes que buscam refúgio dos conflitos no Oriente Médio.
– Voz para os migrantes –
De maneira semelhante, ele é aguardado no Panamá para abordar a questão dos imigrantes de El Salvador, Nicarágua e Honduras, que compõem a maioria dos que viajam em caravanas até a fronteira dos Estados Unidos, apesar da oposição do presidente Donald Trump e da direita americana.
“Muitos dos jovens que participam da JMJ são imigrantes”, declarou o porta-voz do Vaticano, Alessandro Gisotti.
Milhares de centro-americanos atravessam a fronteira para o México a cada ano, indo em direção ao norte em busca de uma vida melhor. Outros milhões fogem do colapso econômico e da repressão política na Venezuela, sobrecarregando os serviços sociais nos países vizinhos.
“A imagem recente das caravanas de migrantes da América Central, com todo o seu sofrimento, ficará por muito tempo na memória”, indicou Ulloa.
– A juventude ‘pode mudar o mundo’ –
Em uma mensagem por ocasião da proximidade do evento, Francisco disse que os jovens, tanto os que creem quanto os que não creem, têm uma “força que pode mudar o mundo”.
Na sexta-feira, disse em uma mensagem de vídeo separada para a Jornada Mundial da Juventude Indígena, que ocorrerá em Soloy, no Panamá, que mantenham suas culturas e raízes lutando contra a marginalização, exclusão, o desperdício e empobrecimento.
“Retornem às culturas nativas. Cuidem das raízes, pois das raízes vêm a força que fará com que vocês cresçam, prosperem e deem frutos”, afirmou a centenas de jovens católicos indígenas que se reunirão na JMJ indígena na semana que vem.
Combater a pobreza será um tema-chave. A pobreza extrema na América Latina atingiu seu nível mais alto em nove anos em 2017, de acordo com um relatório da Comissão Econômica da ONU para a América Latina e o Caribe.
Segundo este documento, mais de 10% dos latino-americanos – 62 milhões de pessoas – vivem na “extrema pobreza”.
O pontífice argentino aterrissa no Panamá na quarta-feira após um voo de 13 horas de Roma para iniciar a sua sétima viagem à América Latina.
“O papa quer se aproximar dos jovens, daqueles que estão sofrendo, e enviar uma mensagem de esperança”, disse Gisotti.
Na sexta-feira, Francisco visitará um centro de detenção de jovens em Pacora, nos arredores da Cidade do Panamá. “Foi algo que veio do coração do papa”, de acordo com Gisotti.
Também irá a um centro para jovens com aids no último dia de sua viagem.
Esta é a primeira vez que Francisco visita o Panamá como papa e a 26ª viagem do seu pontificado.
AFP
EM SOLENIDADE - 06/01/2025