João Pessoa, 04 de março de 2019 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Olinda, Salvador, Recife, Rio de Janeiro, São Paulo… os destinos para quem busca curtir o carnaval são incontáveis, seja no frevo ou no axé, no batuque ou maracatu. Mas, para quem não deseja curtir as festas de rua, os retiros espiritais são opções.
Se o ditado popular diz amor de carnaval não dura, há quem comprove ao contrário e faça da festa de momo o início de uma relação.
Gustavo Mangueira e Anna Caroline tiveram o primeiro contato em um retiro católico, no ano de 2017. Ele, iria participar, ela se preparava para servir. Antes mesmo do final de semana, Caroline foi até uma rede social de Gustavo e o adicionou.
“Naquele ano era a primeira vez que eu ia participar, junto com meu irmão. O meu contato com a Linda [apelido de Caroline] foi estreitamente burocrático. Ela era responsável por fazer a comunicação com os retirantes”, disse o jovem.
“Eu estava servindo na comunicação e fiquei de criar um grupo com os participantes do retiro. Fui até o perfil do Lindo [apelido de Gustavo] e não consegui. Tive que enviar uma solicitação de amizade para poder inserir, só que eu pensei: esse menino vai pensar que eu sou uma doida, do nada adicionando. Quando tive a ideia de mandar uma mensagem, me apresentando, dizendo que era da comunidade e tava entrando em contato por causa do retiro e pedindo que ele me aceitasse”, contou Caroline.
Segundo Gustavo, o primeiro contato pessoal com a hoje namorada foi devido a uma foto que ela tirou no último dia do evento durante o café da manhã. “Do retiro foi só esse contato. Mas, Deus plantou algo em nosso coração e planejava algo. Meses depois entrei na atividade de uma comunidade e a gente passou a ter maior contato. Por providência, ela é vizinha de um grande amigo meu e a gente começou a andar junto”, afirmou.
Meses depois, no São João, os jovens passaram a sentir que poderiam ter uma relação maior. “Foi quando a gente começou a rezar e engatou o nosso namoro”, lembra o rapaz.
“Deus despertou em nosso coração um sentimento maior. Gratidão a Deus, porque foi algo humanamente sem lógica, mas que era Deus ali querendo que a gente se juntasse”, aponta o jovem.
Uma nova experiência de Carnaval
A psicóloga Rayssa Cavalcanti foi convidada, em 2017, para fazer o retiro. Mas, como tinha acabado de sair de uma relação duradoura, escolheu por curtir o carnaval em Olinda, Pernambuco, mesmo sendo convidada para vivenciar um retiro religioso.
Um ano depois, ela sentiu a necessidade de fazer algo diferente. “Eu queria muito ir para o retiro fechado, mas não tinha companhia. Queria experimentar essa experiência, de me isolar da rotina e se encontrar comigo. Mesmo sem ter ninguém, eu rezava e pedia a Deus, chamei várias pessoas e ninguém queria. Por incrível que pareça, semanas antes de começar o retiro, lembrei de uma colega de anos, mas não tinha ela nas minhas redes sociais. Fui atrás, achei, chamei e fizemos o retiro”, disse.
“Foi um carnaval muito maravilhoso, totalmente diferente dos que eu já vivi. Foi uma escolha muito boa, é o momento que eu me retiro das preocupações, tenho aquele momento comigo e com Deus”
Neste ano, Rayssa vivencia o retiro junto com o namorado. “Por ele, preferia uma praia, uma social com os amigos.
Mas ele, acredito que por minha influência, também optou pelo retiro. A gente conseguiu arrastar outro casal de amigo e um colega. Esse ano vai ser bem especial, porque não vou mais fazer só”, detalhou.
“Chamado de Deus”
“Eu senti um chamado de Deus para não pular carnaval”. A frase é da estudante Rayssa Maria, que vivencia neste ano o segundo retiro de carnaval.
Ela, que faz parte de uma comunidade Católica, vê no evento uma oportunidade de ficar mais perto de Deus.
“A gente vê o carnaval como uma festa de folia, mas eu queria me encontrar com Deus. Mas como eu poderia fazer? Nada melhor do que me retirar, me dedicar a ele. A primeira vez foi ano passado e superou todas as minhas expectativas. Porque não foi um encontro, não foi um retiro, foi uma entrega. Mostra o amor de Deus para o mundo”, disse.
Wallison Bezera – MaisPB
OPINIÃO - 22/11/2024