João Pessoa, 25 de fevereiro de 2021 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Quando os filhos crescem e saem de casa não é fácil. Dizem que criamos os nossos pimpolhos para o mundo e que a solidão do lar engendrou uma tal de “síndrome do ninho vazio”. Tem gente que deixa intocável o quarto do filho quando este vai embora, mantendo a ilusão de um dia ser por ele novamente ocupado. Conhecemos filhos que casam mas que todos os dias jantam ou almoçam com os pais; outros preferem passar os fins de semana com seus velhos (assim por eles somos chamados). Alguns sequer lembram que têm pai ou mãe, exceto na primeira dificuldade, quando necessitam de apoio emocional ou material.
Fui pai de meu primeiro filho ainda no vigor dos vinte anos e antes de completar vinte e oito já eram três os meus rebentos. Os anos fluíram e a prole cresceu: outros três vieram ao mundo e são os que ainda moram comigo. Tive o privilégio de mesmo trabalhando dois expedientes, almoçar todos os dias em casa; levá-los e buscá-los na escola e acompanhá-los em tantas outras atividades. Até quando precisei morar em outra cidade, para exercer a função de magistrado, os filhos foram comigo.
Faço esse depoimento para contar a seguinte historinha: um menino pergunta ao pai assim que este retorna do trabalho: Papai! Quanto o senhor ganha por hora? O pai rispidamente responde: Olha filho, isso nem sua mãe sabe! Não me amole, estou muito cansado. E o filho insiste: Por favor, me diga quanto o senhor ganha por hora? E o pai responde: Três reais por hora. E o filho torna a indagar: Então, papai, o senhor poderia me emprestar um real? O pai, irado, responde com brutalidade: Então era esse o motivo de você querer saber quanto ganho? Ora, vá dormir e não me amole mais, menino aproveitador! E o filho conclui: é que eu tenho dois reais e queria mais um para poder comprar uma hora de seu tempo e ter sessenta minutos de sua atenção.
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OPINIÃO - 22/11/2024