João Pessoa, 21 de abril de 2021 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Felicidade é a leveza da alma. O mundo hoje está tão pesado e difícil, que o exercício de ser leve (entenda-se levar a vida com leveza) é sem dúvida um grande trunfo para se viver bem.
Passamos todo o nosso tempo reagindo e interpretando o que nos acontece, fruto da interação com outras pessoas. Temos as nossas expectativas e percepções, e isso nos move muitas vezes a pensar pelo outro, em resposta a nós mesmos. Nessa dinâmica, até respostas damos pelo outro, e assim, em um círculo que se retroalimenta, reagimos à vida e aos fatos.
A interpretação em si é uma ação bem delicada e tem uma linha muito tênue com a verdade, pois o que acontece é que colocamos nossa vivência nas ações do outro e subjetivamos suas respostas. Não precisamos pensar muito para entender que sempre nesse modelo acontecerão frustações e perdas, pois, o outro não tem exatamente os mesmos pensamentos e vivências que você. Portanto, jamais terá ações e respostas iguais ao que deseja.
Nessa necessidade de consonância com o outro, vamos carregando o peso da intolerância quando não somos atendidos e isso vai se tornando uma carga diária. Uma das principais premissas para ser leve, é compreender o posicionamento alheio, não querer gerenciar suas reações, entender e ser paciente, além de necessariamente aceitar que nem tudo na vida é programável e lógico.
Para Clarisse Lispector, a leveza depende de como você me vê, reflete isso em seu poema: “Sou como você me vê/ Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania/ Depende de quando e como você me vê passar”.
Ser leve, ou viver em estado de leveza não quer dizer sorrir o tempo todo, nem muito menos estar em felicidade constante, mas quer dizer disposição ao outro, disponibilidade. Inclusive disponibilidade ao contraditório e aos resultados distintos dos programados por você.
Não precisa desenhar, que quando as pessoas não entendem esse exercício, vivem amarguradas e direcionadas pelo “olho por olho, dente por dente”, fazendo o maior mal a elas mesmas. Afinal, querer controlar a interação do outro em relação a nós, é robotizar e minimizar a subjetividade que cada um traz na sua vivência.
E cá entre nós, ninguém merece a galera do ranço, entronchando boca, revirando o olho e soprando a cada vez que não concordam com algo. Ser intolerante e “rançoso” é bate e volta contra o próprio atirador, o “tiro que sai pela culatra”. Ser pesado faz com que as pessoas se afastem e isso afeta diretamente a sua energia e leveza (que nem tem, mas deveria ter).
Por exemplo, não amar por medo de sofrer com as diferenças ou consequências de estar com o outro, é bem mais limitante que sofrer por amor, por entrar e se jogar em uma vida diferente que provocará mudanças significativas na sua, desde que se permita, obviamente.
Deixar de lado a comodidade, o previsível, os julgamentos e regras preestabelecidas, ouvir a intuição e entender que nem tudo passa pela razão, é sem dúvida um grande degrau para uma vida mais leve. Não se levar tão a sério, ter uma crise de risos no meio da tarde por algo que você mesmo fez, interpretar e pensar menos, se dispor a ser feliz, já é um bom começo….
Enfim, como canta Lenine: “Há de ser leve/ Um levar suave/ Nada que entrave/ Nossa vida breve…” E assim, temos a nossa lição de casa: nossa vida é muito breve, vamos ser mais leves…
Bora?
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LIVE PAPO DE QUINTAL
A professora Erika Marques realiza todas às quintas-feiras, a live “Papo de Quintal”, às 18h30, no seu Instagram @profaerikamarques – onde faz explanação do tema de seu texto e interage com o publico.
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OPINIÃO - 22/11/2024