João Pessoa, 27 de maio de 2021 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Como estamos no mês da adoção e no ano em que se comemora os 120 anos do escritor paraibano José Lins do Rego, faço um breve comentário sobre o seu primeiro livro “Menino de Engenho”, que foi publicado em 1932 lançando o autor como um dos pioneiros do romance moderno da Geração de 30. Livro de cunho memorialístico que, de certa forma, enfoca a adoção, pois a primeira cena descreve o menino Carlinhos (alter ego do próprio Zé Lins) presenciando o assassinato de sua mãe, esfaqueada pelo próprio marido dentro da casa-grande do Engenho onde morava com a família. Com a orfandade, Carlinhos foi morar com seu avó e passou a conviver com tias e outros parentes, ou seja, houve de fato uma adoção do menino órfão por membros da família extensa , embora a temática não enfoque a colocação em família substitua como tônica do enredo, está presente em toda a narrativa do grande romance regionalista, hoje um clássico de nossa literatura.
José Lins do Rego Cavalcanti nasceu no dia 3 de julho de 1901, no Engenho Corredor em Pilar, PB, faleceu em 12 de setembro de 1957 no Rio de Janeiro, RJ. Foi criado no engenho Corredor, de propriedade do avô materno. Foi romancista, jornalista e cronista, e também foi membro da Academia Brasileira de Letras. De jeito bonachão, era frequentador assíduo da Livraria José Olympio, no Rio de Janeiro e lá encontrava outros grandes nomes da literatura a exemplo de Graciliano Ramos. Torcedor do Flamengo, escreveu várias crônicas sobre seu time, mas se notabilizou mesmo com os seus romances, ainda hoje lidos e reeditados.
De leitura fluente, Menino de Engenho nos remete às reminiscencias, numa viagem encantadora para o mundo dos engenhos nordestinos e da convivência salutar nas brincadeiras da infância, donde concluímos que toda aquela gente, naquela ambiência, adotou de bom grado o menino Carlinhos e nos devolveu o homem de letras que tanto nos orgulha. Por isso, vale muito a pena ler e reler Menino de Engenho.
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