João Pessoa, 16 de julho de 2021 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Desde março de 2020, vivemos uma grande expectativa em relação aos caminhos que seriam traçados pela pandemia ocasionada pela Covid, que em poucos meses passou a ser o centro de todos os acontecimentos mundiais. No início era sobre o que realmente iria acontecer nos esperados quarenta dias da suposta quarentena, depois sobre a descoberta da vacina, depois em relação à aplicação na população e assim por diante. A estratégia da expectativa cabe muito bem em situações de incerteza e isso não faltou no início da pandemia, e podemos dizer que ainda faz parte das nossas vidas em relação ao referido assunto.
Como podemos definir a expectativa e como ela nos influencia? Do latim exspectare, a palavra expectativa é utilizada para designar a condição de alguém que tem esperança em algo que foi baseado em promessas ou visibilidade de se tornar realidade. O sentimento de expectativa só pode existir na ausência da realidade, ou seja, quando o objeto que motiva a expectativa ainda não se tornou viável e real, sendo apenas uma condição presente no desejo de posse do indivíduo, por exemplo. As expectativas não têm os freios que compõem a vida real, desse modo, atropelos, interpretações, sentimentos, nada disso impede a imaginação e a criação dessa composição.
Por outro lado, quem não tem expectativas não sonha, não estabelece metas, não busca realizar aquilo que o propulsiona. Certa vez ouvi de um maratonista (aquele que consegue a marca dos 42km em uma corrida), que nos últimos quilômetros, se corre com o coração, pois o corpo muitas vezes já não responde mais sozinho. Para ter essa motivação, ele se imaginava cruzando a linha de chegada, com as pessoas que amava o recebendo e celebrando a sua vitória pós tanto desgaste. A expectativa tornava-se o combustível necessário durante a jornada.
Existe uma linha muito tênue entre expectativa e ansiedade, tendo em vista que ambos os estados são de pensamentos que antecedem o futuro, e por isso são muito maleáveis às previsibilidades da vida real. Ou seja, quanto menos realista a expectativa, mais vulnerável estará a sintomas ansiosos, pois ela não terá o alinhamento com a realidade, porém são vitais para o crescimento e desenvolvimento pessoal.
No entanto, basear-se sempre em fatos palpáveis e reais nos exime do encantamento que nos traz o desconhecimento do futuro. E tudo bem em criar expectativas, sonhos e tudo o que se tem direito, pois a vida extremamente calculada e racional, além de ser previsível, perde todo o seu brilho. Não devemos ser expectadores da nossa própria vida, devemos ser atores e protagonistas, ensaiando, errando e acertando. Na peça da vida, vale fazer castelo de cartas de baralho, mesmo quando o vento sopra forte…e quando desabar? Estar sempre preparado para voltar o texto, corrigir, rir de si mesmo, juntar as cartas e montá-las quantas vezes for preciso…
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