João Pessoa, 16 de agosto de 2021 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Passamos a vida toda ouvindo ‘verdades’. Fosse no convívio familiar ou social, histórias nos foram passadas. Muitas delas incontestáveis, como alegavam os mais velhos. Fomos nos moldando diante daquilo que chegavam aos ouvidos. Vem daí a formação do nosso caráter, que pode prestar ou não servir para nada. Mas estou nesta introdução, leitora, leitor, para dizer o seguinte: todos têm sua verdade. Dou-lhes um exemplo. A pessoa mais desagradável, vista como chata por muitos, é aquela que diz verdades. Ela será conceituada de antipática, grosseira, inconveniente e por aí vai. Só que essa verdade é a verdade dela, já que não existe verdade absoluta. Tanto é, que os milenares criaram a figura de Deus, para que não fosse contestado. É preciso acatar os princípios divinos e pronto. Ai, ai… gente mal-intencionada.
Nesta sociedade onde muitos preferem a mentira, e as redes sociais revelam isso, afinal, os parvos querem se exibir, fazer valer o “ter” e não o “ser”, jogar o jogo da vida parece algo dificílimo. – A verdade é um remédio muito amargo, mas o único que nos confere saúde moral – já disse certa vez Machado de Assis. Vale tudo em nome da falsa aparência? Para muito gente sim. Os covardes não se olham no espelho, não conversam consigo mesmo e preferem a mentira, o caminho mais fácil para a fantasia de suas vidas vazias. Não à toa, escolheram Barrabás, o ladrão, o falso, e passaram o Cristo para trás. E mudou nos dias de hoje? Evidentemente que não.
Dia destes, um conhecido me disse que foi ajudar um amigo (amigo mesmo, daqueles que nos fazem se sentir seguros para contar os pecados da vida) que passara por dificuldades de ordem pessoal, chegando a ter uma forte crise de ansiedade. Fulano dispôs-se a ajudar sicrano, mas ajudar do seu modo, do seu jeito. Foi lá e disse umas verdades para o bem do outro – achando que aquilo lhe faria sair do fundo do poço. Não deu outra. O sicrano não gostou de ouvir o que ouviu e ambos deixaram de se falar. E aí, qual dos dois foi rude e impaciente com a situação? É uma questão para pensar.
Envolver-se com os problemas alheios até certo ponto pode ser um risco que, talvez, não dê muito certo. Verdades, mais das vezes, são percepções. Aquilo pode ser para mim o que não é para você. Na empresa, por exemplo, sem essa de “verdades” dentro dos corredores. Não vai dar certo. Local de trabalho é local de trabalho. Misturar-se com os colegas e abrir a boca pode ser danoso mais tarde. O diacho é que aquela rotina do cafezinho deixa-nos mais soltos e confiantes com o colega que está a escutar nossos dilemas. Bater o ponto, vir para casa e tchau. Sem essa de amiguinhos para lá ou para cá. Afinal, quem cuida dos lábios, preserva o coração do angústia, não é mesmo Rei Salomão? Melhor evitar.
Não se comprometa
Neste meu pouco resumo de vida vi pessoas sendo passadas para trás por serem ingênuas. Há quem tentará levar você a um compromisso qualquer. Não se comprometa. Cortesia para com todos, intimidade para com ninguém. Comprometer-se só com os pais, dependendo ainda do tipo de pais… Deitar e dormir tranquilo, sem dívidas no cartório da vida, é o melhor sono que podemos nos dar.
Segredo
Nenhum segredo. Os que amam o que fazem, os que querem respeito e sabem respeitar, trabalham duro, são disciplinados, vestem-se com civilidade, não andam “enfeitados”, têm linguagem educada e definidos propósitos profissionais. São raríssimos, a maioria que anda por aí vive olhando para o relógio, para ir embora, e para o calendário, pelas férias. Merecem a miséria em que vivem, e muitos empregadores os merecem.
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