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Kubitschek Pinheiro
Fotos Lucas Seixas
A cantora e compositora mineira Roberta Campos acaba de lançar o álbum “O Amor Liberta” em todas as plataformas digitais. Trata-se do quarto trabalho de estúdio na carreira da artista.
O projeto, que chega pela gravadora Deckdisc, apresenta 11 faixas, sendo dez delas inéditas, já que a música “Miragem”, em parceria com a banda Natiruts, foi divulgada anteriormente como single. Além do grupo de reggae, a artista conta também com a participação especial do cantor Humberto Gessinger em “Começa Tudo Outra Vez”. A canção “É Natural” é dela e de Luiz Caldas.
Sucesso da música popular brasileira, Roberta Campos sempre esteve em cena e, mais uma vez, segue colocando seus talentos à mostra. É uma artista completa.
“O Amor Liberta” , trabalho inédito, gravado durante a pandemia, apresenta novas particularidades da artista que estava há seis anos sem lançar um álbum. Este ano ela já tinha lançado um EP.
Entre as muitas mensagens, resultados e aprendizagens, vivências e mudanças que ocorreram nos últimos anos, a possibilidade de lançar um álbum novo é um acontecimento marcante para a Roberta que tem uma sensibilidade aguçada.
Na discografia de Roberta Campos, “O Amor Liberta” sucede os álbuns “Varrendo a Lua” (2010), “Diário de um Dia” (2012) e “Todo Caminho É Sorte” (2015).
Em entrevista ao MaisPB, Roberta conta da gestação desse disco, sua batalha para se colocar no lugar da conquista, além de mostrar com letra e música que o Amor Liberta é o amor correspondido.
MaisPB – A última vez que conversamos você tinha lançado um EP. Agora ganhamos o disco “O Amor Liberta”, cheio de baladas e canções que nos inspiram para outras vidas, muitos sonhos. Como foi feito esse disco tão bonito e maduro?
Roberta Campos – Eu comecei a separar o repertório do disco no final de 2019. Eu tinha feito algumas canções naquele ano, que coloquei nesse repertório, como “Chegou o Meu Verão” (com De Maria), “É Natural;” (com Luiz Caldas) e canções somente de minha autoria, como “O Vento Que Leva”, “Rosária”, “Miragem”. No início de 2020 eu fiz “Floresço na Tua Vida” e nos últimos momentos para fechar o repertório inclui as canções que tinha acabado de compor: “O Futuro Nos Aguarda” e “Pro Dia Que Chega”.
MaisPB – E sua parceria com Hyldon?
Roberta Campos – Minha parceria com Hyldon é “Se a Saudade Apertar” e a “Começa Tudo Outra Vez”, parceria com Humberto Gessinger, nasceram em 2016 e desde que as fizemos, eu tinha um grande carinho pelas canções e como elas têm a energia do disco, vi que fazia total sentido gravá-las nesse momento. “Aquário” é minha canção mais antiga desse álbum, a fiz em 2011. Ela também me ajuda a contar a história do disco. É uma música resiliente por si só e pela mensagem que ela passa! Eu quis fazer um disco mais pulsante, pra cima, feliz, com uma mensagem forte e amorosa! Cada música foi escolhida com muito carinho, assim como cada detalhe do disco.
MaisPB – Abre com “Pro Mundo que Virá”, parece uma canção antiga, dos anos 70. Seria um resgate, uma saudade do que você nem viveu, a coisa do abraço, da pressa?
Roberta Campos – Ela é realmente um abraço, pois descreve a vontade de um mundo bonito para mim e para os outros. Como um reencontro tão esperado! Ela é uma balada, com a batida marcante do violão, ressoando em toda a canção e com acordes com sétima maior, que beiram uma bossa nova feliz. Urgente, mas sem pressa!
MaisPB – “Miragem”, nos remete para a poesia de Adriana Calcanhotto e você canta com Alexandre Claro. A música cresce a cada impulso. Foi bom o duo com ele? Essa coisa de tirar a roupa, uma canção erótica, mas suavemente poesia. Vamos falar de “Miragem?”
Roberta Campos – Foi maravilhoso o duo com o Natiruts! O Alexandre curtiu muito a música e se colocou de coração nessa canção, isso deixa tudo fluir ainda mais positivamente. Nossas vozes combinaram muito bem e a música teve uma roupagem muito bonita dos arranjos. Um eletrônico no ponto e toda instrumentação muito bem colocada. É uma música sensual, tem uma sensualidade bonita e na medida. Assim como traduz o vídeo clipe que filmei minha parte junto dos bailarinos, no bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro, em um casarão muito antigo. Alexandre filmou em Brasília, em um lugar que remete a um jardim. Tudo ornou tão bem, que parece que ele está do lado de fora desse casarão. Está lindo e os bailarinos deram todo o charme pro vídeo.
MaisPB – O nome do disco “O Amor Liberta”, lembra os letreiros de Gentileza. Lá ele diz “Amor palavra que liberta” – como veio essa sacada?
Roberta Campos – Veio de um entendimento meu com a vida. De que o amor próprio nos liberta, porque esse amor reverbera em tudo na nossa vida e o amor me libertou. Me libertou de várias inseguranças, medos, dúvidas, culpas, me proporcionando uma vida mais tranquila, mais leve e feliz. Me deu o prazer de encontrar um amor recíproco e real. Gentileza era muito sábio e me senti feliz com sua lembrança, porque eu não me recordava dessas palavras e quando li sua citação, eu me senti grata, pois hoje eu entendo isso, porque eu sinto!
MaisPB – Na faixa “O Futuro Nos Aguarda”, segue a trilha do amor. A música tem um quê de soul. Já estamos há tempo no futuro e o mundo está cheio de desamor. Fala aí garota…?
Roberta Campos – Essa música nasceu depois de um dia ouvindo a maravilhosa Rosa Passos. Ela é incrível e eu não tinha até ali, tido um contato tão próximo com sua obra. Comecei a tirar umas canções dela no violão, quando de repente, me vi criando “O Futuro Nos Aguarda”.
Se hoje o futuro que chegou é cheio de desamor, tenho esperança, que o que nos aguarda é muito mais bonito e amoroso. Afinal, o que nos move é acreditar e fazer para que isso aconteça.
MaisPB – Eu gostei muito da canção que tem o refrão “eu quero viver mais”. Foi feita para seu amor?
Roberta Campos – Esse refrão é da parceria com meu querido amigo Luiz Caldas, se chama “É Natural” Assim como essa canção e todo o disco foi feito para meu amor. Para o amor com quem eu vivo, o amor que eu sinto, o amor que eu recebo.
MaisPB – A sexta faixa “Começa Tudo Outra Vez”, quando Humberto Gessinger começa a cantar além de enriquecer o conteúdo, me lembra de Gonzaguinha na sua canção “Começaria Tudo Outra Vez”. Aí seu disco surge mais maduro ainda. Ou seja, uma arte liga a outra, né?
Roberta Campos – Com certeza! O Humberto é maravilhoso e ele completou essa canção de uma forma espetacular. É nítido o nosso diálogo. A forma que eu me expresso e a dele. Fizemos essa canção em 2016 e vejo desse ano pra cá um crescimento muito bonito na minha arte e com certeza que esses encontros me acrescentaram muito e ajudaram a desenvolver ainda mais a minha música.
MaisPB – “É Natural” você fez com Luiz Caldas? Como foi isso? Uma coisa tão longe da outra e ficou tão bonito?
Roberta Campos – Me encontrei com Luiz em 2019, pelo instagram. Ele gravou um vídeo de um show dele pra me mostrar ele cantando minha canção “Minha Felicidade” em seu show. Dali pra frente não nos largamos mais. Luiz é meu amigo, meu grande parceiro de composição, um dos caras mais geniais que eu tive o prazer de estar junto e a honra de fazer canções, pois temos outras músicas, inclusive a nossa primeira parceria, gravada no disco dele e com minha participação. A música tem esse poder de tornar tudo próximo, quando fazemos canções nos tornamos um, isso é mágico, um entra no universo do outro e assim nasceu “É Natural”. Uma curiosidade é que me encontrei com Luiz pessoalmente num ensaio de carnaval dele, ele me convidou para cantar com ele. Foi incrível e já repetimos isso no carnaval de 2020.
MaisPB – Muito bom o videoclipe, filmado no bairro de Santa Tereza, em um casarão antigo no Rio de Janeiro. Conta aí desses bailarinos, parece um filme antigo, seu vestido verde musgo iluminando a cena….
Roberta Campos – Ficou lindo, né? A ideia do vídeo clipe veio quando ainda fazia a canção. Ter bailarinos para contar a história através da sensualidade da dança. O pessoal da Lord Bull mandou muito bem no roteiro, nas cores e no figurino, na escolha das locações. Thiago Rosa e Jessica Barros roubaram a cena com a coreografia, eles são ótimos e achei tudo muito forte e delicado ao mesmo tempo. Como a canção.
MaisPB – “Aquário” e “Rosária” são canções tristes….
Roberta Campos – “Rosária” é uma homenagem que fiz para minha avó, que foi quem me criou, ela foi minha mãe. A perdi em 2017 e quando fiz “Rosária” eu me senti como descrevo na canção, amada e livre de qualquer tristeza, pois a minha avó mora em mim e sempre vou tê-la muito perto. “Áquario” é de 2011, resgatei essa canção porque ela tem muito da minha vida, dessa “chuva no final molha nossa vida” e depois vem o sol pra secar e deixar tudo bem! Ainda ontem eu me lembrava que comecei a fazer terapia nesse ano de 2011, ela fez mais sentido ainda de estar nesse álbum…esse ano em que lanço “O Amor Liberta” e me sinto livre de tantas coisas, inclusive a alta que tive da minha terapia, eu canto essa canção com o entendimento que ela precisava e só hoje eu consigo sentir! Eu não acho essas canções tristes, eu as acho introspectivas e às vezes a introspecção pode dar essa sensação mesmo.
MaisPB – “Chegou o Meu Verão” é sua cara e tem o auxílio, esse sorriso bom – fale-me de De Maria?
Roberta Campos – Me encontrei com De Maria em um show da Luiza Possi em que participei e ele participava também! Gostei da vibe dele, conversamos bastante e como eu gosto bastante de suas composições, me lembrei de um pedaço de música que eu tinha e tive a vontade de enviar para ele e terminamos essa canção juntos. Eu amo essa música e amo o carlorzinho que sinto no coração quando a canto.
MaisPB -Você conhece “Tudo é Rio” da escritora mineira Carla Madeira, é uma história impressionante sobre o ciúme…
Roberta Campos – Ainda não li, mas guardei sua dica para ler depois e com certeza, numa próxima entrevista vamos ter mais coisas para conversar!
OPINIÃO - 22/11/2024