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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

sozinho pra capital, 1975

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publicado em 07/09/2021 ás 08h20
atualizado em 07/09/2021 ás 10h26

hoje é meu aniversário. não importa quantos anos eu tenho ou terei. o que importa é o que já fiz e farei. e procuro sempre fazer o melhor de mim.

a vida, propriamente, começa quando se percebe que não há respostas para tantas perguntas:  você mora onde? como é o nome de seu pai? sou filho do sol.

o que é o bem?  o que fiz de bem? e o que farei para as pessoas, é o que perdura.

é impossível encontrar uma conceituação universal que dê conta de todas as possibilidades contingenciais a vida relacionada. a minha vida. tantos já se foram nesta pandemia.

hoje é meu aniversário. eu sou um homem velho. às vezes triste e a partir daí, sozinho na capital, 1975 (grande era a cidade, e ninguém me conhecia), me transformei em muitos e eu passo a ser uma pergunta sem resposta, porque não existe túnel, existe a estrada. vá em frente.

sou politicamente incorreto e sou correto com as coisas que faço, com o meu trabalho, o respeito ao próximo, cuja resposta não está na minha ação, mas na minha lealdade, sentimentalidades.

ao buscar responder o que é o bem, o melhor que eu posso ser, o indivíduo que está em mim nesse largo, pois nele interessado, sou o bem e só quero aprender.

me pego menino na esquina. traquino, apressado. azougado. agoniado, louco para sair na carreira.

não sou ninguém. não sou de ninguém.

sabe quando você ver uma mulher preparando outra pessoa, sou eu na barriga a glorificar a sensação da mulher, com a barriga cheia da vida. isso sou eu.

eu vou passando pelos lugares e pessoas que ocupam espaços em mim, pessoas que me ajudam, que me estendem a mão, por onde preciso seguir.

não sou obrigado a adotar uma postura, talvez uma posição no espaço que é meu, para que eu possa está mais habituado nesse mundo cão.

não sou de esquerda, nem de direita, sequer intermediário, sou conservador.um pai de família, que luto para não ver mais tanto luto ao redor, apesar dos pesares. sou desafiador, divertido, delicado. isso sou eu.

o negócio da vida me impressiona, mesmo que a vida tenha me traído abundantemente.

hoje é meu aniversário, nada de festa. mas se fizer bom tempo amanhã eu vou. como está na canção de caymmi, mas se, por exemplo, chover, não vou. esse “por exemplo” é o que faz a poesia ter vida. é a melhor definição de poesia, inclusive porque não é uma definição, por exemplo

se você não gosta mais de mim, eu não ligo. se você não me quer perto, já estou longe. se você gosta de mim, eu festejo. se você me trata mal, é um problema seu, adeus.

hoje é meu aniversário. não importa quantos anos eu tenho ou terei

eu tenho mais de uma árvore plantada, como se eu estivesse na cidade de morro da garça, onde guimarães rosa ambientou o conto “recado do morro”.

não sou a voz do morto. minha voz é minha revelação.

Kapetadas

1 – obrigado colaço filho pelo texto que fez comigo. vou emoldurar.

1 – a cama só não é boa quando estamos acamados.

2 – argumento é a mímica do pensamento. dedo em riste é a mímica da falta de argumento.

3 – som na caixa – “já não tenho a mesma idade, envelheço na cidade”, do grupo ira

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