João Pessoa, 05 de janeiro de 2022 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Sério… numa boa… que mulher incrível eu me tornei! Lembro da menina solta que eu era, brincando na rua, tomando banho de chuva, pulando corda. Lembro do aconchego do abraço da minha mãe, me aquecendo com um lençol com cheirinho de limpeza (nossa… ainda lembro do cheiro).
Foi uma infância feliz. Talvez sentíssemos a falta material de uma coisa ou outra, mas estávamos juntos. Estava tudo bem. Existia uma muralha que nos protegia e eu me sentia vivendo em uma fortaleza, inatingível.
Lembro dos primeiros sonhos de amor, os primeiros sonhos de que carreira seguir, quase todos tão equivocados…!!! Até que, finalmente, me encontrei! Trilhei cada passo. Não calculadamente, mas como se a vida me levasse exatamente para onde eu deveria estar o tempo todo. E cada passo que trilhei foi com minhas próprias pernas. Com mãos incansáveis.
Hoje, o sorriso não é mais tão fácil quanto o da menina solta.
A brincadeira agora é “na vera”. Alguns passos podem ter sido trilhados de maneira equivocada. Como se o GPS indicasse o caminho correto, mas eu insistisse em pegar um atalho, pra evitar o trânsito.
Não, o sorriso não é mais o mesmo, o aconchego do lençol de mamãe não existe mais. Algumas pedras da muralha que protegiam a fortaleza foram derrubadas. Definitivamente, o sorriso não é mais o mesmo. Nem há mais mamãe aqui fora!
Entretanto, o olhar… ah… o olhar é mais apurado. O coração mais seletivo. A menina ainda aparece, de vez em quando. Brinca, corre, chora, cai, levanta, quer colo. Mas a mulher… essa é voraz! Ela não se protege da chuva. Ela é a própria chuva.
Que sorte a minha ser minha! Feliz de quem viaja pra dentro de si e se encontra. Viaje!!! E, se no meio do caminho encontrar pessoas que tornem a viagem mais interessante, convide-as a viajar juntas!
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OPINIÃO - 22/11/2024